O Caso da P.Q.P.

Essa quem viu e ouviu fui eu mesmo. E com esses olhos e orelhas que a terra um dia há de comer. Pois se é fato que viemos do pó, outra certeza é que ao pó voltaremos! Ou - como diria o meu prezado amigo Toninho Lavoisier - na natureza nada se perde e nada se cria, tudo se transforma. E o caso é que na época em que eu estive lotado na 3ª. Vara do Trabalho de Belo Horizonte, havíamos recebido uma estagiária de direito por demais simpática, alegre e eficiente como costuma ser a maior parte das estagiárias deste Tribunal. O nome dela... bem, o nome de tamanha formosura é coisa que eu vou guardar só para mim mesmo, se me permitem os prezados colegas e leitores. E é bom tomarem ciência de uma vez que eu sofro daquilo a que as pessoas costumam designar pelo nome de “ciúmes” e vou me abster de lhes repassar detalhes preciosos acerca dessa bela senhorita. Mas o caso é que aquela era de fato uma menina dessas de tirar o chapéu, de parar o trânsito em qualquer capital do mundo, de levar um homem a colocar coleira dourada em dedo da mão esquerda e suficientemente capaz de acabar com um casamento e dar início a outro. E o que consta é que determinado dia essa estagiária chegara ao Tribunal por demais nervosa e lamurienta. A bela falava pelos cotovelos e dizia isso e aquilo e mais aquilo outro. E em certo momento afirmara que no dia anterior acabara por mandar um dos seus professores literalmente às favas. Na verdade ela fizera o bom uso de outras palavras: mandara o seu professor de direito comercial à “puta que o pariu”. No momento, porém, em que ela se pusera a contar a tal façanha para um dos nossos colegas, passava pelo local o juiz substituto da nossa Secretaria. Ele imediatamente parou, levou o dedo indicador de uma das mãos aos lábios em sinal de silencio e protesto. Em seguida refletiu solene e pausadamente:

- Seus pais não te ensinaram que menina bonita não deve dizer coisa feia?! A partir de agora passe a senhorita a usar o termo jurídico apropriado para essas ocasiões. Quando for remeter alguém a tal localidade, mande-a simplesmente à “P. Q. P.”. E o juiz seguiu em frente, todo alegre e sorridente.