MUDANÇA PARA O CAMPO
 
Tantos anos na linda São Paulo, no transito, no congestionamento da Marginal Tiete, o  metrô cheio a todo momento,  eis que a chegada do grande dia. 
Animada, com nova proposta de trabalho, arrumo as malas, desarma-se  móveis, tudo em poucos dias.Só precisava arrumar uma casa para morar na nova cidade. 

Ai começa a confusão, casa no centro não tinha nem com reza brava, na imobiliária apenas uma, a cinco quilômetros de distância do Centro, não havia outro jeito! 
Fomos ver a casa de campo, localizada na roça, no meio do mato, não havia luz na rua, não tinha água encanada, apenas água de poço artesiano. 

Casa de boneca, linda, gramada, sem muro, sem cercas, nada há ver com a Cidade grande dos prédios e arranha céus. 

Era a casa dos sonhos. Mas na primeira noite ouvi barulhos nas janelas, nas portas, como se tivesse sendo apedrejada, fiquei atenta, não tive coragem de sair para ver o que era. 

No dia seguinte outro tormento, abro a porta e descubro que o barulho eram besouros gigantes, assim falaram, não conhecia...

Após tomar meu café, naquele ar maravilhoso do campo, fui até à garagem para pegar o carro, meu Deus, o que era aquilo?
Era vaca, touro, boi, nem sabia distinguir, pelo tamanho pavor. 

Desesperada liguei para a colega de trabalho para pedir ajuda; ela achou graça, quando disse que tinha um desses animais no meu quintal. Simplesmente ela me disse para buzinar que ele saia, mas o pior é que, nunca gostei de usar  buzina, e descobri nesta hora que não funcionava. 

O animal saiu depois de muito tempo, cheguei atrasada no trabalho.  A justificativa: uma vaca empacada, amuada na saída da garagem. 

A noite ao voltar, ai! Uma linda paisagem como nunca tinha visto, tanto vagalumes, eram  mais de cem com certeza, mas a rua escura e cheia de buraco não me deixava apreciar tal beleza. 

Cheguei em casa, ia tomar banho, cadê a água, nas torneiras, tinha sumido. 
Só três dias sem água para descobrir que era um tal de ar nos canos.Nossa!!! estava virando pesadelo. 

Descobri que sempre faltava água ou acontecia isso, então, resolvi comprar mais três caixas de água. 
Pensando que não havia mais nada para acontecer, descobri que tinha bichos de estimação, todos os dias eles estavam lá, sapos enormes, na primeira vez que vi, soltei um grito tamanho foi meu susto que levei, com o passar do tempo me  acostumei. 

Um dia um grilo no meu quarto, cantava a noite inteira, dormia com grilo na cabeça e só descobri onde ele se escondia uma semana depois. Sem contar um marimbondo gigante que entrou dentro do meu carro, ficando por lá três dias, o qual só resolveu dar o ar de sua graça, quando eu estava dirigindo em plena  Dutra. Que susto dirigindo com um insento que queria me picar! Parei o carro e alguém da DRE veio socorrer-me. 

Chovia muito, e o barro parecia sabão, deslizei, quase fui parar no barranco. Nessa se fosse cardíaca já tinha ido. 
Ia dormir cedo...  aquele silencio, essa era a melhor parte, pois nem internet tinha. A televisão não pegava nenhum canal. 

Tirando a parte banal, as visitas adoravam, mas o meu dia a dia, era difícil, acostumada com as facilidades da cidade grande, parecia que estava na pré historia. 
Passados dois anos, achei que não tinha acostumado e resolvi voltar para cidade grande, minha cidade. 

Outro tormento, assim que cheguei com a mudança, o arrependimento foi imediato, o vizinho tocava creu no ultimo volume, ate com as portas fechadas se escutava, quase morria de dor cabeça com essa recepção que já havia esquecido.

Não agüentei. Passaram se vários meses, daí resolvi voltar para o campo, era melhor os grilos, as vacas, o barro e mais...

O barulho e o ar da grande Metrópole, eu não suportava mais! 
Tive sorte, na volta pro interior consegui uma casa no centro, da linda e pacata cidade. E daqui não pretendo sair tão cedo.

Sinto falta dos grilinhos... 
 
isis inanna
Enviado por isis inanna em 10/11/2011
Código do texto: T3328850
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