Tremendão

A amiga Paula não acreditava no que via. Aquilo só podia ser mais uma maluquice de Rosabela Rosa, No café da manhã Rosabela Rosa não parecia alucinada, nem comentou nada do que faria no dia. Essa parte, agora que lembrou, era a parte estranha. Rosabela Rosa fala pelos cotovelos e sempre diz o que vai fazer. Não faz metade, mas fala. Nessa manhã Rosabela Rosa estava quieta, meditabunda. E agora que chegou em casa Paula encontra aquela coisa estrambólica no meio da sua sala. Tentando puxar pela memória para relembrar de qual época era aquela coisa, Paula ria. E quando Paula ri, ri mesmo, de fato, com vontade. Rosabela Rosa ouvindo as gargalhadas saiu do quarto já pronta pra briga.

- Que que foi? tá rindo do que?

- De onde foi que você tirou essa coisa, Rôse?

- Comprei, pô! E sabe pra que que é? Cansei do Alan.

- E o que é que isso aí tem a ver com o Alan, Rose. Pirou de vez?

- Cê conhece isso? Já usou?

- Nunca usei mas conheço, claro. É aquele aparelho de massagem em que você passa a correia em volta da cintura e liga . Pra queimar gordura, ou sei lá pra que. Parece uma britadeira de tanto que treme. Tremendão. Do tempo da radiovitrola e do pé palito, né? Tremendão... E ria.

- Pois é. Quando o Alan chegar vou dizer pra ele. Aí, moreno, tu virou corno do Bell linha, coroa de primeira, tá? Trabalha direitinho e não me sai tão caro. Dançou meu nêgo.