AMANTE A MODA ANTIGA

Há muito ela já tinha passado dos sessenta. Conservava a plástica do corpo, com muita ginástica, boa alimentação e um senso de humor a toda prova. As amigas de sua idade, sempre que a encontravam a elogiavam, e ficavam curiosas para saber seu segredo de beleza e juventude. Ela procurava conservar uma distância e colocava os questionamentos sobre si mesma bem distantes de sua intimidade.

Algumas de suas amigas solitárias, viviam cercadas de sobrinhos que as distraiam e as acompanhavam em lugares diversos dos que se esperava para senhoras da terceira idade.

Magnólia era muito discreta, e procurava manter-se fora do foco, mas não da forma. Até que um dia um sobrinho de uma de suas amigas, resolveu fazer-lhe a corte abertamente, ao que ela não só aceitou como terminou a noite em alto nível num belíssimo e aconchegante motel.

O lance inusitado para o sobrinho foi na hora de pagar a conta. Ele estendeu a nota para Magnólia, ela fingiu-se de desentendida, deu um sorriso e falou na maior cara de pau: - Eu sou uma mulher de conceitos antiquados, sou uma amante a moda antiga. Quem sai comigo e me come, paga a conta também. O rapaz ficou atordoado, pensando ter levado uma bofetada na cara. Deu um jeito de arrumar a grana pagar a conta e chamar o táxi. Antes mesmo de ele colocar o fone do gancho ela resmungou: - Dois táxis, a não ser que você vai sair daqui a pé. Eu jamais voltaria na sua companhia, e vê se descola algum aí para eu pagar o táxi, porque estava desprevenida. A velhota já estava passando das medidas, mas na verdade, ele nem ficou furioso, pois ela esperta que era já o estava envolvendo para mais um lance inesperado, e quando ele se deu conta já estava entrando de novo na banheira de hidro, com roupa e tudo.