O JEITO É

O JEITO É...

A fila no banco era extensa. Ele pegou a senha de número 788 e ela chegou depois pegou a 804. Os caixas na verdade, não estavam nem um pouco preocupados com a multidão que esperava ser atendida. Eles estavam tão ocupados que um a mais ou a menos, não faria diferença. Eram duas e meia da tarde. Quando a campainha soou anunciando o número 240, ele olhou para a loura descomunal a sua frente, e dirigiu o olhar para o andar superior. Eles sabiam que tinham muito a esperar na fila. A loura pediu a pessoa seguinte, que guardasse seu lugar, e dirigiu-se apressada para o andar superior. Ele já a aguardava com a porta encostada. Tiveram a rapidinha, mais duradoura que puderam. Longos minutos de espera na fila para ir ao banheiro, para os que esperavam lá fora. Saiu a loura, impecável como entrou. Trancou a porta para suplício da multidão, informando que o sanitário estava entupido, e ia chamar alguém para consertar. Voltou tímida para seu lugar na fila. Cinco minutos depois, ele passava por ela, como se nada tivesse acontecido. O relógio marcava três e cinquenta e cinco quando ele foi atendido. Alguns minutos depois, ela também foi atendida. Ela saiu do banco e não se admirou de tê-lo encontrado a sua espera com uma cara debochada e cínica. Eles se beijaram na boca com muita volúpia e saíram abraçados de mãos dadas pela rua, e no meio da multidão iam trocando juras de amor eternas, ou poderosas preliminares de sexo explícito param quando chegassem a casa. Afinal aquela rapidinha, tinha dado mais força para aquele fogo que os consumia desde que resolveram morar juntos.

Quase em casa, alugaram o elevador por dez minutos. Ao ser chamada a síndica já sabia o que estava acontecendo e morreu de inveja da loura gostosa que estava com o maridão agarrada no elevador. Teve vontade de fazer um discurso, chamando-os a realidade, mas não teve coragem, pois o elevador precisava ser liberado, e ainda exalava o cheiro forte de pecado que os dois acabaram de deixar.

Finalmente ao abrirem a porta do apartamento, acabou o romance. Voltavam à rotina tediosa de marido e mulher, com deveres e obrigações mútuas. Ela correu para o fogão para preparar o jantar, ele foi correndo para o banheiro, retirar o lixo, colocar toalhas limpas, depois passar aspirador na sala, e preparar a mesa para o jantar. Jantaram e ainda conversaram um pouco, antes de se preparem para dormir. Ela perguntou safadinha para ele: - Amanhã vê se dá um jeito de me encontrar naquele hotel cinco estrelas no final da tarde. Preciso visitar alguns apartamentos para um evento que estou gerenciando, podemos passar alguns minutos nos divertindo. Ele piscou para ela, apagou a luz do abajur, virou-se para o lado e começou a roncar, enquanto ela dava asas à imaginação, fantasiando como seria burlar a vigilância do hotel e dar uma rapidinha com seu próprio marido.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 06/01/2012
Código do texto: T3425102
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.