De volta nessa minha cidadezinha, já não avisto mais a cabritinha amarrada no quintal, faz 10 anos que deixei essa minha bahia, não vejo com alegria quanta coisa mudou.
   O zé do bar fechou, tantas tardes perdi ali vendo meu pai jogar dominó, as histórias do seu Macedo lá em cabrobó onde dizia ser herói, passou 2 dias e duas noites nadando até chegar aqui.
   A igrejinha diminiu se tornou apenas uma capelinha, do lado tem  uma imensa oficina. A casa da Dona Ana agora é um mercadinho, não sei o que ela fez com seus 12 cachorrinhos, que cuidava no quintal.
   O açude secou, ahh o açude onde tantas tardes nadei , agora é terra seca, dificil acreditar que tantas águas haviam aqui. A água secou, levou junto com a seca os sorrisos de outrora, ah minha nossa senhora o que faço com as lembranças, os fios de esperanças que eu ainda trouxe pra cá?
   Minha casa, por quê tive que voltar?, a gaiola do curió enferrujada e vazia, a combuca de água do cachorro estava quase enterrada. Na entrada já não tinha mais a escada, todos me olhavam com estranha indiferença. Não sabe que quando eu criança, andava por essas ruas, todos me conheciam, juro que quando deixei a bahia não sabia da doença que afligia o peito de minha querida mãe.
   Deus arquiteto do universo, juro que te confeso que ainda não sei tua razão, como pode encher tanto um coração para depois chorar?
Eduardo monteiro
Enviado por Eduardo monteiro em 08/05/2012
Reeditado em 14/05/2012
Código do texto: T3657511
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