Um sábado qualquer

Ricardo estava vidrado na partida. Seu time estava perdendo pela diferença de um gol.

O garoto quase teve um acesso de raiva quando a pipa dos rapazes caiu novamente no centro da quadra.

Tiveram que esperar mais dez minutos enquanto passavam cerol de um poste para o outro. O goleiro do time de Ricardo não aguentava mais e insistiu para que a partida recomeçasse. Todos concordaram.

Quando o time tomou mais um gol, Ricardo não aguentou e ensandecido tentou resolver a parada sozinho. Da onde pegava era uma paulada pro outro lado.

Bola no mato que o jogo é de campeonato. Eis o dilema do time adversário. Toda vez que a bola caia na lateral, em um barranco, Ricardo corria e freneticamente cobrava a lateral. Para isso, o tempo todo se esgueirava sobre pelas linhas que estavam cortantes como uma faca amolada.

Em seguida, mais um gol. Ricardo não acreditava. Corria pra todos os lados. Chegou a bater cabeça com os companheiros do próprio time.

Aguerrido, deu um grande salto quando a bola caiu no barranco querendo repô-la o mais rápido possível. Porém esqueceu-se da linha e essa acertou em cheio sua jugular. Caiu de uma maneira esquisita, todo retorcido e com as duas mãos no pescoço em um gesto que parecia estar sendo enforcado.

Um dos garotos do time adversário caiu na gargalhada. Mas depois do "eita porra, aquilo tudo é sangue". Todos ficaram assustados e se calaram.

O jogo tinha acabado e com a noticia da morte de Ricardo, ninguém mais se lembrou de comemorar ou lamentar a derrota. Ricardo virou herói do time e terror dos adversários.

Inã Cândido
Enviado por Inã Cândido em 17/07/2012
Reeditado em 17/07/2012
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