Defunto Vivo.

Dentre às histórias contada pelo meu pai, hoje transformadas pela distancia do tempo, ficou na categoria de conto, guardado nos arquivos de minha memória. O que era para rir, mas acabou em choro À lembrança remete à imagem de meu pai contando o que vou escrever agora com minhas palavras.

Em um vilarejo havia o costume que pessoas falecidas serem veladas exclusivamente só por familiares na igreja local. Havia no lugarejo um sapateiro que acolhia em sua casa um primo solteirão igual a ele também solteiro. Esse primo não tinha ali naquela comunidade outros parentes. O sapateiro tinha fama de corajoso. Esse primo e outros amigos combinaram que iria morrer de mentira para testar à coragem do primo sapateiro. Assim foi feito, o primo (morreu) levaram-no para à igreja. O sapateiro obviamente teria que velar o corpo. Como tinha muito serviço contratado levou sua banca e às ferramentas de ofício para à igreja. Corria tudo normal, mas quando o sino da igreja badalou meia noite o (defunto) gemeu, o sapateiro disse:- primo deixe sua alma descansar em paz! ( O morto) levantou um braço. O sapateiro abaixou-lhe o braço e:- primo fique quieto , você já não é mais deste mundo! Passado um tempinho levantou os dois braços. O sapateiro abaixou-lhe os dois braços e disse:- vou mandar celebrar missa para acalmar sua alma. ( O morto) levanta uma perna. O sapateiro já perdendo à paciência abaixa-lhe à perna. (O Defunto) Levanta a outra perna. O procedimento é o mesmo , mas o sapateiro já um pouco irritado. ( O cadáver) levanta as duas pernas. O sapateiro aí já abrutalhado abaixa-lhe às pernas com xingamentos de baixo calão. Passados mais alguns minutos o (defunto) senta no caixão!... O sapateiro pegou o martelo e deu ultimato naquela situação:-“ ô primo quando você era vivo era muito legal, agora depois de morto resolveu me encher o saco! “ E desferiu-lhe três marteladas na cabeça do primo ( morto) que era Defunto Vivo e virou defunto morto para os amigos que participaram da pegadinha. O enterro foi de verdade.

Lair Estanislau Alves.