A Viúva Virgem.

Meu pai contava à história de um casamento de uma filha de um ricaço, era um latifundiário famoso com grandes extensões de terras em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Diziam que nasciam por mês em suas pastagens um mil bezerros.

Esse ricaço tinha só uma filha que vivia como uma princesa. Aconteceu que essa jovem apaixonou-se por um jovem advogado e o jeito foi casá-los rápido como era de costume antigamente. Preparam-se uma festa de arromba. No casamento civil o noivo fez um comentário, talvez por brincadeira, mas fora de hora, ao assinar o registro no cartório disse: “estou com à fortuna do homem na mão!” O casamento religioso foi um evento apoteótico . Os convidados eram pessoas dos mais altos poderes econômicos e políticos do país.

Baile, discursos e canções românticas encantavam os convidados. Os comestíveis de sofisticados cardápios e acompanhados de finíssimas bebidas. De repente abateu uma desgraça, apareceu um sujeito que ninguém sabia de onde vinha, descarregou um revólver no noivo matando-o instantaneamente. Aquilo que era para ser uma noite de gala transformou-se num velório. Durante meses foi o assunto na cidade. Diziam à boca pequena que alguém contou para o pai da noiva o comentário do noivo no cartório e este teria mandado matar o genro. Papai dizia que nunca descobriram o assassino e nem o mandante. Meu falecido pai afirmava que naquela época o dinheiro falava mais alto. Ficara por isso mesmo, um crime sem solução e uma linda viúva virgem.

Lair Estanislau Alves.