***CAUCA E O FISCAL DO IBAMA***

Autor: José Gomes Paes

Em 09/05/2012

Quando lembramos nossa terrinha natal Urucará, sempre vem em nossa lembrança pessoas que passaram e deixaram muita saudade. O tio João “o Cauca”, filho de português da gema, que era muito conhecido na cidade pela sua especialidade em saber muito da vida dos outros e pelos seus causos, que com muito orgulho iremos relembrar aqui neste cotidiano.

Dia de sábado por volta de meio dia, quando não tem uma “viva alma” nem mesmo cachorro na rua, hora em que todo mundo resolve fechar as portas e tirar um cochilo depois da “broca”, tradição está das cidades interioranas, tio João “o Cauca” que na hora do almoço quando não tirava uma soneca preferia ficar sentado no banco da rua embaixo do bejaminzeiro pegando um ventinho, comendo manga verde com sal e vendo os barcos passar no rio em frente à cidade, estava ali tranqüilo, esperando passar a hora para abrir o comércio.

O André, Fiscal do IBAMA, rapaz muito educado que viajava para fiscalizar o município, já o conhecia devido às denuncias de comercialização de peles jacarés, de onças, madeiras, pirarucus e outros produtos. Como quem não quer nada, quando ia passando na rua, foi logo direto, cumprimentou-o e perguntou: “Seu “Cauca” bom dia, como vai, o comércio vai bem. E as peles”?

Quando o “Cauca” cismou de alguma coisa e respondeu em cima da bucha: “Pele, só se for dos meus bagos”.

E o André meio sem jeito, foi se desculpando e saindo de mansinho, mudando de conversa e se despedindo.

Mas lá na salgadeira estava cheio de postas de pirarucu e peles de jacaré, prontos para entregar ao regatão paraense que iria passar por aqueles dias, quando naturalmente o fiscal fosse embora.

OBS: Causos contados na DIVA (Departamento de Informação da Vida Alheia), onde tem um jogo de baralho, parada para uma conversa e saber as novidades que está acontecendo na cidade.

FIM