TOBIAS – Um negão de se tirar o chapéu!
 
 
TOBIAS – Um negão de se tirar o chapéu!
 

Às margens do rio, Zé Matias ia andando, ao mesmo tempo,
em que pensando como iria fazer aquele serviço. Trezentos metros
adiante, vivia com a sua filha dona Margarida. Viúva de dois meses do senhor Jeremias. 

Zé Matias parecia não se importar, com o que estava prestes a acontecer. Havia jurado de morte o senhor Jeremias. Achava ter sido enganado em um acerto de contas de trabalho, num tempo em que ele esteve trabalhando de caseiro no sítio do casal.

Para ele era bastante justo e até necessário, que o seu prejuízo
fosse reparado de alguma forma. Acreditava que só teria paz,
quando entendesse aquela dívida, dada por quitada.

Por estas horas (15:00 h), o safado já deveria está retornando da roça e seria na entrada do sítio, que a peixeira do Zé Mathias iria trabalhar na barriga do infeliz. Não se passou mais que cinco minutos, para que ele chegasse a seu destino e por ali ficou de tocaia.

Deu 16:OO horas, 16:30 min e nada do senhor Jeremias chegar. Ora, o danado num atrasava nunca. Irritado, Zé Matias esperou por mais meia hora, e como nada acontecia, resolveu ele, entrar no sítio de modo assuntar o lugar, onde poderia estar o pretendente a defunto.

O intruso, se agachando pela lateral da cerca do sítio, e já se encontrando do lado de dentro do terreno seguiu para pegar o azarento de surpresa, mas foi justamente a surpresa, que pegou o Zé Matias.

Dona Margarida, depois da morte do marido sentiu-se solitária e desprotegida, por isso, trouxe de um sítio vizinho, o Tobias.

Tobias era um negão corpulento de pouca conversa e poucos amigos. Um cão da raça Rottweiler. O que ele mais gostava na vida, era fincar seus dentes no pescoço daqueles que o desafiava.

Decerto que, entrar no quintal onde o Tobias morava era mesmo para ele, um desafio e tanto!

Zé Matias, com certeza sabia tim-tim por tim-tim, o que deveria fazer. Tudo fora planejado enquanto caminhava às margens do rio. Pegaria o Jeremias na calada da tarde na entrada da porteira do seu sítio.
O serviço deveria parecer um assalto, para tanto, levaria do ex-Patrão, o relógio de prata que ele, sempre carregava consigo.

Zé Matias, tinha um plano(B), caso algo desse errado. Deixaria que Jeremias entrasse em sua casa, sabendo que sairia logo depois, para ir ao galinheiro para dar uma olhada em suas galinhas e nessa hora então, o pegava de jeito.

O ex-caseiro, não pensou em nenhum plano (C), e quando ouviu as passadas ligeiras de algo vindo em sua direção, só lhe veio à cabeça uma ideia. Tentar esconder-se subindo numa goiabeira plantada rente da cerca, bem à sua frente. Infelizmente, entre a ideia do Zé Matias e a goiabeira estava o Tobias.

Tobias fora rápido, silencioso, impiedoso. Abraçou o Zé pelas costas jogando-o no chão. Apavorado, ele gritou por socorro! A porta da casa de dona Margarida se abriu, com seu Jeremias indo em sua direção.

__ Ué! Que você está fazendo por aqui, Zé?

__ Vim para lhe matar, por conta daquela volta que me deu, no tempo de trabalho em que por aqui, trabalhei.

__ Deixa disso Zé, de agora em diante não vai precisar se preocupar com essas coisas não! Vem comigo Zé, levanta desse chão. Quero lhe mostrar a sua nova moradia.

Sem entender direito, sem ao menos ter visto o que lhe acontecera de verdade, e sem saber do porque, Zé Matias se levantou caminhando lado a lado com Jeremias.

__ Agora Zé estamos do mesmo lado.

__ Mas, que lado é esse que você está falando?

__ Ué! Sabe não? Passamos pro o outro lado, o lado dos mortos.

Zé Matias sentiu arrepios por todo o seu corpo.

__Eu, Há uns dois meses. Foi infarto Zé, não teve jeito
Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 31/10/2012
Reeditado em 07/06/2017
Código do texto: T3962144
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