Quarta-feira de cinzas, em Itabirito

Contam que, em Itabirito, MG, durante os dias de folias carnavalescas, uma mulher muito atraente seduzia os homens daquele município mineiro.

Podía-se esperar, quando principiava o carnaval, surgir na cidade a bela carnavalesca, “La belle du jour”, como era conhecida.

Com seu jeito faceiro atraía os homens com quem brincava o carnaval. Insaciável, durante os bailes, ela era vista com vários parceiros. A ninguém se apegava, seus escolhidos eram sempre trocados. De troca em troca fazia a sua roda.

Dizem que, os homens que por ela se apaixonavam, não viviam até o próximo ano, noutro carnaval. Não faziam contato com ela, mais. Sumiam.

As beatas do lugar a excumungavam:

_ Veja se pode! Essa mulher que ninguém sabe ao certo de onde veio, ou prá onde vai, fica com essas pernas de fora fazendo a cabeça de nossos maridos!

_ Bem dizem que, “pouco pano, ledo engano”!

Os anos se sucediam e as festas que antecediam a quaresma, em Itabirito, continuavam acontecendo. Certo ano, após o toque final dos trompetes, já na quarta-feira de cinzas, a Bela, saiu a caminhar com mais um de seus admiradores. Uma grande chuva despencou dos céus e eles se abrigaram em uma igreja que já recebiam seus fiéis para a missa de cinzas.

Como sinal de respeito, o moço pegou as cinzas depositadas logo na entrada da igreja e com o polegar direito, untou-o e fez um sinal da cruz em sua testa. Quando ele se virou para fazer o mesmo com a Bela, um forte estrondo ouviu-se no interior da nave central e um cheiro forte de enxofre se sentiu no ar. Com isso, a mulher bela, de roupa curta, escafedeu-se.

Palavras-chave: crendices, quarta-feira de cinzas, causos de Minas, Itabirito, La belle du jour.