A GRANJA DO...                    
                                                            Capítulo  II

E a vida transcorria ali em harmonia. O garnisé, novo no pedaço, a princípio ressabiado frente a população feminina abundante, começou   sentir seus atributos masculinos reclamar por sua atuação junto às fêmeas, interditos que foram na companhia do velho Tuta; sem elas por perto, suas “pegadas” adormeceram junto ao decrépito dono.
Seriam suas curtas perninhas páreos para aquelas galinhas desenvolvidas e suas coxas maravilhosas? Falava para si admirando o bando a ciscar. Tanto via e tanto admirava que a comichão do “trem” por fim o apertou. Movido pela ocasião, desembestou rumo a certa franguinha nova, carijózinha pernalta que ciscava tranquilamente nas cercanias. No impulso do seu entusiasmo, célere, --- segundo as condições de suas pernas curtas, --- arremeteu-se eriçado rumo à tentação penosa. A galinha estava ali a ciscar tranqüila, porém, não desatenta: ao pressentir a sombra daquele pequeno furacão se aproximar rapidamente tirou o corpo de lado negando o apoio ao galinho conquistador que passou direto do alvo; escorregou daqui, desequilibrou dali a riscar o chão com as esporas, finalmente parou; realinhou as penas e a posição. Não desanimou o coitado.  A galinha por sua vez mais arisca que propriamente assustada, já encontrava palavras para recriminar o aventureiro:
--- Nanico atrevido! ... Vá procurar uma da sua iguala!
O garnisé não se deu por achado.
--- Suas pintas me excitam, gostosa! ... Por falar em pintas, tu pintas como eu pinto? ... Fala rápido!
--- Tu pintas como eu pinto??? Deu-se ela pelo achado. ...Com o quê, seu moleque?!!! ...Bandido de uma figa!... Monstro bobagento!
Os olhinhos do atacante, vermelhos pelo desejo, atiçaram-no pra cima da franguinha; mais uma vez esta se esquivou e, cacarejando escandalosa, escapou imune da sanha do nosso herói.