Pãozinho Sobre Tijolos

Lembro-me bem do meu Tempo de criança.Aínda me vem

a memória das muitas,algumas Marcantes lembranças! Relembro com carinho do meu maltrapilho vizinho. Um senhor bem velhinho Barba grande, Cabelos grisalhos todo alvoroçado, pele branca,rosto triste,sofrido olhar perdido. Usava um casaco preto todo sujo e remendado, um sapato cor de barro todo furado! Morava em frente de casa em uma casa abandonada, sem janelas sem portas,paredes rachadas.No teto muitas telhas quebradas. As crianças da minha idade tinham muito medo dele, quando ele estava na rua, corriam amedrontadas para suas casas. Ele tinha um apelido que foi dado por todos nós O chamavamos de "Velho da Vassourinha"...

Não era uma bengala que usava,era um cabo de vassoura o qual se apoiava.Eu não tinha medo dele,tinha pena,ao contrario das crianças,do velho eu gostava. Certo dia,esperei ele sair,com um saquinho na mão me arrisquei,e na casa dele entrei! Olhei assustada para aquele miserável lugar,percorri com os olhinhos cada cantinho,nada passou sem ser notado!Não havia muita coisa...no chão,jornais espalhados,um pequeno cebertor encardido,dobrado sobre uma cadeira quebrada!

Uma garrafa vazia e um copinho de plastico sobre uma caixa de papelão,que fazia o papel de mesinha! Em um cantinho do cômodo,quatro tijolos no chão,dois de cada lado,apoiando uma grelha enferrujada,o seu pequeno fogão!

Coloquei o saquinho sobre os tijolos,era um pedaço grande de pão caseiro,que roubei la de casa!Eu nem sei se ele sabia ler,mas deixei um bilhetinho, em meus sete anos de idade de maneira torta assim escrevi: Espero que goste,foi minha avó que fez!Mas ela não sabe que estou aqui.Não escrevi meu nome,não queria que ele soubesse que era eu! Então,me levantei e saí rapidinho,tomando o cuidado para não ser vista por ninguém!

Todos os dias eu levava alguma coisinha pra ele sempre no mesmo horário,pois sempre no mesmo horário ele saía.

Certo dia,acordei assustada,olhei pela janela,um tumulto de pessoas

falando alto e gesticulando sem parar.Havia também uma viatura da policia.Corri para o portão,com as mãozinhas suadas,agarrei-me a grade

e olhando tudo aquilo,enquanto muitos davam risada,não me contive e chorei! O velho da Vassourinha estava indo embora,estavam o levando para um abrigo! Contrariando as ordens de meu avô,saí correndo,atravessei a rua,passando por entre gigantes,pois pra mim eram o que pareciam aquelas pessoas, cheguei até a viatura.Ele ja estava la dentro,coloquei minhas mãos sobre o vidro e ele respondeu colocando as dele como por cima das minhas.Ele então inclinou a cabeça,queria me dizer algo...eu me aproximei um pouco mais,pela primeira vez,eu ouvi aquele senhor falar...nunca vou me esquecer passe o tempo que passar,sua voz aínda soa em meus ouvidos,suas palavras guardadas estão...ele me disse com voz trêmula,baixinho...eu sei que era você,que me levava o pão,que deixava sobre os tijolos...Obrigado abençoada criança!

Eu sempre tive um carinho especial pelas pessoas de idade...para mim,todos são meus meninos!E serei sempre essa menina,essa criança

para quem de mim precisar!Seja por um pedaço de pão,ou um lugar em meu coração.Por amor...Passo pelo meio de Gigantes se preciso for!

Conto Real da Minha Vida!

Obrigada meu querido amigo,adorei sua Interação,muito me emocionou!

chinxola

Realmente chorei de saudade/ De uma história brilhante/ Da mais perfeita amizade/ Que lendo, vivi o instante/ Dentro dessa marcante realidade/ Tornei minha história importante//. Marinez, a cada frase, a cada palavra, fui me sentindo como sendo você criança, vivendo aquela história, no tempo da sua infância, não pude evitar de chorar, não por pena, mas por perseverança, senti o seu drama na cena, tomei a mesma para mim por herança.

Marinez Novaes
Enviado por Marinez Novaes em 15/02/2013
Reeditado em 17/02/2015
Código do texto: T4141458
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