A Cabaça Perdida

Era uma tarde de sexta-feira Seu Nonô tinha saído pra caçar... Estava no mato bem longe já da rua, no bisaco que levava pendurado no seu ombro esquerdo, por uma tira feita de retalho de perna de calça jeans trazia um resto de beju, umas poucas espoletas e uma cabaça que usava como canteiro improvisado para guardar sua água; andou umas oito léguas meio perdido, o rumo da Chã não sabia mais... Achou um olho d’água e resolveu parar para molhar o rosto e reabastecer sua cabaça enchendo-a até a boca, pensando que a viagem ainda era longa... Bateu a poeira do fundo da calça levantou-se, pegou sua espingarda e sua mochila de caça e seguiu...

Na mata ouviu um assovio muito grande lembrou-se que só podia ser a impiedosa caipora, instintivamente saiu de carreira feita... Parou debaixo de um cajueiro e se sentou na sua frondosa sombra ainda pensou em juntar uns cajus e catar umas frutas de coroa-de- frade,antes disso pegou a cabaça para molhar a garganta, mas sentiu uma lapada forte no espinhaço soltou a cabaça e nem olhou pra traz correu com tanta rapidez que sentia a ponta do calcanhar bater nas suas costas... De longe avistou o cume da serra foi sair enfim já na estrada do Tenório...

Conseguiu se abrigar no rancho de um compadre que vivia por aquelas bandas contou o acontecido, ceou, lavou os pés e acabou por dormir por ali mesmo. Dia seguinte antes da cantiga do galo já vinha no caminho de volta pra sua casa...

Tempos depois Seu Nonô estava em outra caçada, desta vez estava a perseguir um verdadeiro muito escorregadio e teimoso que não se fustigava de fugir... Foi quando escutou o alarido dos cães apressou o passo para alcançá-los e quando avistou de longe o enorme cajueiro lembrou-se na hora da velha cabaça que havia perdido com o susto da Caipora, correu pra perto da arvore, olhou no seu tronco, estava ali um punhado de água no modelo de uma cabaça. Ele muito astuto logo percebeu o que tinha acontecido a sua cabaça, ela estava lá, mas as formigas tinham-lhe roída toda e deixado só a água que permaneceu ali no mesmo molde...

Michelle Morais
Enviado por Michelle Morais em 03/05/2013
Reeditado em 03/05/2013
Código do texto: T4272724
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