Rabo de Saia...

Em uma noite de lua cheia, ouve um grande alvoroço por parte de algumas pessoas que passavam na ponte.

Era um gemido, um suspiro, um lenga lenga. Ninguém tinha coragem de parar para olhar. O que poderia ser?

Uns diziam ser fantasma, outros, alma perdida de alguns cachorros mortos e jogados naquele lugar, outros, sapos que faziam baile, porém o mistério continuava.

João Caladão, assim chamado, era um sujeito muito bem discreto. Não conversa muito. Sua vida era trabalhar de pedreiro. Todos os dias, de segunda a segunda-feira. Não parava muito. Assim, desta forma, tornou-se escravo do trabalho porque sua esposa era muito chata. Punha defeito em tudo. Na roupa que se vestia, no almoço, na janta, no café, na casa em que morava, enfim, até nos vizinhos, ela punha defeito. Dizem que uma mulher deu uma tremenda surra nela por causa de conversa fiada sobre sua filha. Foi um horror. Tanta foram as baixarias, que deram-lhe o apelido de Joana Baixa ( ela xingava, tremia de ódio).

Maria Toto, era uma mulher animada. Mulher de vida fácil. Não perdia uma só oportunidade. Saia com o que lhe rendera mais. Um automóvel, uma casa, uma conta recheada. Tudo isso era bancado por Juca, um senhor bem rico, com muitas fazendas, com algumas empresas e mais coisas.

A curiosidade foi tanta, mas o medo de alguns era grande. Os gemidos continuavam. Fracos, fortes, paravam, repetiam, ou seja, estava bem complicado aquele caso.

Zé Mundu, sujeito muito culto, presidente da Academia de Letras da cidade, muito minucioso e detalhista com seus projetos, seria a pessoa mais corajosa para desvendar aquele mistério. Até um policial ficou receoso de chegar no local. Era mais ou menos umas quinze pessoas que estavam na ponte e ouviam os gemidos.

Os gemidos continuavam e Zé Mandu resolveu verificar. Portou-se de uma lanterna, um cabo de vassoura, seu chapeuzinho na cabeça e lá desceu para ver o que acontecia.

Ouviram-se um grito de espanto: Que isso?, mais uma vez: Que isso? Meu Deus, o mundo está perdido. Não se respeitam mais nada, nem mesmo os animais.

Neste momento, apareceram João Caladão e Juca, puxando uma cabra em uma corda. Todos eles tão sem graça e Zé Mundu dizia:

___ Imaginem vocês, que estes dois estavam beijando a cabra. Resmungavam baixinho que a cabra era a paixão de suas vidas. Diziam palavras de amor para a coitada da cabra, que apenas balançava a cabeça concordando.

Foi aquela algazarra toda. Uns riam, outros dizem que eles iriam casar com a cabra. Imagine a reação das pessoas.

Passaram-se algumas horas. A polícia foi chamada para atender uma ocorrência. Pensem quais as pessoas envolvidas:

_ Joana Baixa e Maria Toto.

Estavam brigando, porque seus amantes as trocaram por uma Cabra.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 18/05/2013
Reeditado em 21/06/2016
Código do texto: T4297570
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