Ramé, o James Dean de Itaúna, um ícone de nossa história.

Ramé, o James Dean de Itaúna, um ícone de nossa história.

História imaginável do Osnofa

Nos anos sessenta Ramé Gonçalves Machado, viveu em Itaúna a doce ilusão de ser um jovem rebelde, ele foi o James Dean, um ícone da nossa história. Seu ídolo era ele, o famoso James Dean. Suas botas pretas e Calça Jeans desbotada eram a top da época, cabelos cheio de brilhantina, camisa volta ao mundo, óculos ray-ban - era este o seu estilo; o ronco do motor do seu famoso carro, um Interlagos conversível verde, estilo (Karmann Ghia) deixou muitas moças sonhando em dar uma voltinha. Sua música preferida continha esta frase, “Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer” - esta música de Geraldo Vandré fez a cabeça dos nossos jovens.

O Osnofa tinha lá os seus doze anos e ouviu falar das muitas histórias do famoso Ramé que se dizia ser, bonito, rico e simples. Uma vez, Ramé tinha acabado de sair de uma festa no Automóvel Clube de Itaúna e disse para os amigos, vou ao Rio de janeiro, quero ter o prazer de dirigir na estrada Rio/Santos. E lá foi ele sentir de perto os ventos das curvas da estrada de Santos... Outra proeza do lendário Ramé, depois de chegar ao Bar do Automóvel Clube de Itaúna ali na esquina da Praça Dr. Augusto Gonçalves e Capitão Vicente, onde é o Banco Itaú hoje, chegou de uma rinha de galo na famosa Rua da Ponte, com os seguintes amigos: Astofinho, Paulo Monteiro, Ricardo Pinta, Morangus “Casa das Roupas” e Auriu. Ramé olhou bem para o dono do galo campeão e disse: quero comprar este galo. Bota preço nele. E o galo foi comprado pelo valor de cinco mil reais nos dia de hoje. Ramé fez o cheque, e após pagar pelo campeão chamou a cozinheira do Bar e pediu pra fazer aquele galo. Pois ele gostaria de saborear aquela iguaria. Graças à turma do deixa disso o galo não foi parar na panela. Ramé aceitou desfazer o negócio recebeu seu cheque de volta e vendeu o galo por duas vezes mais... Ufa, quase que o campeão foi parar na panela!

Sempre assim, Ramé fazia o que dava vontade. Tinha talento musical, tocava violão e cantava bem, chegou fazer uns ensaios com o conjunto de maior sucesso em Itaúna, Os Penetras. Emanuel Brás Matos queria ter o amigo Ramé como vocalista d´Os Penetras - conjunto que aos domingos faziam matinês no famoso Cine Rex, onde a juventude arrebentava. Seu talento ia além do musical, era um artista plástico nato e nos deixou algumas de suas obras e por causa deste legado o espaço Cultural Teatro Silvio de Matos, lhe fez uma justa homenagem. Seu nome foi dado à sala reservada aos artistas plásticos para expor suas obras, a Galeria de Arte Ramé Gonçalves Machado. Mas, o filho do fazendeiro Sady Nogueira Machado, queria ir mais longe; comprou um açougue na Praça da Lagoinha e de playboy passou a comerciante. O jovem Ramé estava amadurecendo... O boi gordo vinha da fazenda do pai e a carne era vendida abaixo do preço de mercado. E assim o filho do Sady se tornou o jovem mais popular de Itaúna. Na Praça da Lagoinha o açougue do Ramé tinha fila pra comprar carne; seu carrão um Interlagos conversível ficava sempre parado ali perto, na porta do Bar do Sandoval, que nos anos sessenta era o Bar do Plínio. Assim que o açougue vendia toda a carne, Ramé recolhia a grana entrava no seu carrão e acelerava fundo seu Interlagos conversível rua Antônio de Matos sem destino definido. Como eu havia dito o Ramé se tornou em Itaúna o jovem mais popular e assim todas as festas da cidade ele estava com seu carrão.

O famoso radialista Marcelo Augusto de Faria Matos, o popular Mineirinho, tinha na Rádio Clube de Itaúna o programa Tarde Sertaneja - muitos comerciantes aguardavam ansiosos uma vaga para anunciar os seus produtos na Tarde Sertaneja, pois tinham retorno garantido; festas comemorativas eram anunciadas por ele como utilidade pública. Em Itaúna a parada de Sete de Setembro, foi a festa mais top da cidade em todos os tempos, e sempre mereceu destaque em sua programação. Seis de Setembro de 1965, exatamente 15 horas e o Mineirinho começava mais um programa Tarde Sertaneja, entre uma música e outra fazia as suas propagandas e de repente soltava um de seus bordões. O dia de sábado tinha um bordão exclusivo dedicado especialmente para os homens: “Hoje é sábado, dia dos homens tomar banho”, “se você vai largar serviço agora, passa lá no Armazém do Geraldo Coriolano na famosa Praça do Capeta e compre um sabonete Lux, cuidado pra não pisar no Zé do Angá, que fica sempre escornado aí na porta do armazém do Cariolano. Êta pinga forte, esta pinga do Fariastinho”. Muitas mulheres ficavam agradecidas, graças a este bordão do Mineirinho elas passavam o fim de semana com os maridos limpos e cheirosos. E dando continuidade ao programa antes de mandar tocar mais uma música aproveitava para deixar seu recado de utilidade publica. “Amanhã, tem parada de Sete de Setembro, vai ser uma festa maravilhosa, vamos aproveitar o domingo e lotar a Praça da Matriz”. Complementando o recado dizia ainda, “o Ramé vai fazer a abertura da parada com seu famoso carro Interlagos conversível verde, estilo “Carmanguia” e a Miss Itaúna Deise Carvalho vai desfilar com a bandeira de Itaúna, do Rotary e da Companhia Industrial Itaunense no carrão do Ramé. Agora, a próxima música vou dedicar ao meu amigo fazendeiro Sady Nogueira Machado, pai do Ramé, canta aí Tonico e Tinoco, Moreninha Linda...”.

O Osnofa também não perdia uma parada de Sete de Setembro e às seis e meia da manhã estava ali na Lanchonete do Mizirico, ansioso para ver a maior festa cívica de Itaúna começar. O domingo de Sete de Setembro estava ensolarado, parecia que todo o povo da cidade de Itaúna estava na Praça da Matriz, um grande frenesi tomava conta de todos, era a parada de Sete de Setembro que estava pra começar. Foi aí que minha prima Williane Leão apareceu na Lanchonete do Mizirico e me levou para o sobrado da família para ver a parada em uma das disputadas sacadas; e lá encontrei minhas irmãs Vera Silva e Aída Silva e juntos desfrutamos deste especial momento cívico no domingo de Sete de Setembro. Havia muita gente importante nos salões do sobrado. O professor, ex-vereador, ex-Presidente da Câmara Municipal de Itaúna, e ex-prefeito Wiliam Leão e sua esposa dona Maria Geralda recebiam todos com muita simpatia e sempre sorridentes, felizes de ter o sobrado cheio de amigos e convidados num dia tão importante para a nossa cidade. O buffet estava a cargo da dona Edméia Pércope com seus deliciosos salgados; acompanhados dos deliciosos cajuzinhos e amendoins torrados do amigo “Marta Rocha” sempre presente nos buffets de dona Edméia.

Estavam presente no sobrado dos leões, o prefeito de Itaúna Jadir Marinho, esposa e filhos, também os padres José Ferreira Neto, José Weltzes do Colégio Santana, padre Monsenhor Hilton, o famoso Padre Antônio de Santanense, o professor Padre Cálpio e o Padre Valdemar (capelão do Hospital Manoel Gonçalves de Souza), os amigos vereadores, meu primo Silvislau, o farmacêutico e vereador Raimundo Faria, ambos de Itatiaiuçu, vereador Valter Marques da Silva conhecido comerciante Valtinho da Lagoinha, a vereadora Vanda Nogueira Neto, o delegado Olimpinho e o investigador e também delegado Tião Secreto; vereador, chefe político e diretor da Companhia Industrial Itaunense, presidente do Rotary de Itaúna, Reitor da Universidade de Itaúna de Itaúna, Dr. Guaracy de Castro Nogueira, a esposa Dona Ivete e os filhos; o fundador da nossa querida e estimada Universidade de Itaúna, Dr. Miguel Augusto Gonçalves também marcou presença. A simpática dona Aída Saldanha conversava com a amiga Dona Ester Matos assuntos culturais; também meu primo professor Mário Penido, Diretor da Escola Estadual de Itaúna, sua esposa Arise Fernandes de Oliveira Penido e o filho Círio Penido estavam presentes; o fazendeiro Sady com sua esposa e o filho Caiubi, este, num terninho preto tão chique como aqueles dos garotinhos do cinema de Hollywood. Toda a imprensa de Itaúna estava presente no sobrado da família Leão, eram eles os jornalistas José Valdemar Teixeira de Melo, Aníz Leão, Sebastião Nogueira Gomide (o Piu da Folha do Oeste), o jornalista e radialista da Clube AM e colunista social da Folha do Oeste, Cosme Silva. Também o radialista Marcelo de Faria Matos (Mineirinho) e sua esposa Didi, o dono do Cartório de Registro Civil Lauro do Jubito, o Juiz de Paz Tonico do Dâmaso. E o Juiz de Direito Dr. Nabor acabava de ser recebidos com muito gosto pelo casal Wiliam Leão e a esposa Dona Maria Geralda. Na última hora o chegou o fotógrafo Antônio Gomes que naquela época estava iniciando no ramo de fotografia e pronto para estrear a sua primeira câmara fotográfica, uma Kapsa, seis por nove; e lá defronte a igreja da Matriz, os fotógrafos Osvaldo, Valtinho, o famoso Colodino, Benevides García e Célio Maximiano - todos já estavam de prontidão, a postos, para o inicio da festa. Muito mais gente estava presente - e o Osnofa não tem como se lembrar de todos. Ah, e finalmente minhas primas, as irmãos Leoas, chegaram para ocupar um lugar na sacada enquanto a minha irmã Aída conversava com a amiga Isa Corgozinho (secretária da Câmara Municipal de Itaúna). Notei que lá fora o desfile de Sete de Setembro estava começando. O professor, locutor e radialista da Rádio Clube de Itaúna, Sérgio Santiago, dava o seu bom dia ao povo de Itaúna. Logo após foram tocados os hinos de Itaúna e o Nacional - e assim começou o desfile de Sete de Setembro de 1965.

O locutor oficial da Parada de Sete de Setembro Sergio Santiago, lembrou-se do amigo Mineirinho, apresentador da famosa Tarde Sertaneja, programa de rádio mais ouvido pelo povo de Itaúna em todos os tempos, e agradeceu dizendo: “Mineirinho, graças as suas chamadas radiofônicas a praça da Matriz está repleta de jovens, crianças, adultos e idosos”. Iniciando as comemorações de Sete de Setembro aí vem o Ramé com seu carrão, um Interlagos conversível verde, fazendo a abertura de nossa maior festa cívica. E ao seu lado, representando a beleza da mulher Itaunense, a Miss Itaúna Deise Carvalho, secretária da companhia Industrial Itaunense: loira, olhos verdes e um metro e oitenta de pura sensualidade. Deise e Ramé são os representantes de nossa juventude no desfile.

Segundo a imaginação do Osnofa, veridicamente falando, esta foi a última participação pública de Ramé Gonçalves Machado - que veio a falecer em outubro de 1965.

Ainda dizendo, a Parada de Sete de Setembro em Itaúna era mesmo espetacular. Não me esqueço do desfile do Tiro de Guerra, das fanfarras do Colégio Santana e da Escola Estadual, a fanfarra do colégio estadual era comandada pelo saudoso padre Luiz Turkenburg; muitos outros colégios e instituições também enriqueciam a nossa festa cívica. Se você quer saber mais sobre a parada de Sete de Setembro em Itaúna, com certeza lá na Fundação Maria de Castro, legado deixado do Dr. Guaracy de Castro Nogueira ao povo de Itaúna, você vai encontrar vários registros escritos e fotos dos anos dourados da nossa parada. Aliás, e muitos outros registros históricos sobre nossa cidade e o povo itaunense.

Ramé, o James Dean de Itaúna, um ícone de nossa história.

Legenda:]

Ramé, o “James Dean” de Itaúna – também faleceu em um acidente de carro – é o personagem central em mais uma História Imaginável do Osnofa. Ramé dá nome à sala de arte do Espaço Cultura itaunense. Foto do dia 11 de outubro de 1962, no Automóvel Clube, Ramé e seus fiéis amigos. Em pé, Astofinho, Paulo Monteiro e Ricardo Pinta; assentados Morangus, Auriu e Ramé.

Comentários do osnofa na história imaginável do osnofa.

Ramé, o James Dean de itaúna, um ícone de nossa história.

As muitas histórias do jovem Ramé Gonçalves Machado aguçaram as minhas lembranças e me fez imaginar, inventar e lembrar os bons tempos da nossa querida Itaúna, um homem que se achava, “bonito, rico e simples”. Ramé tinha o prazer de dirigir o seu Interlagos conversível, fazendo as moças de sua época sonhar em passear com ele naquele carrão. As presenças constantes dos amigos nos Bares e nos famosos bailes do Automóvel Clube ficaram inesquecíveis na memória dos amigos, o Automóvel Clube foi sem duvida o ponto de encontro social de maior relevância na cidade de Itaúna, as proezas do Ramé o transformou em lenda e histórias para serem contadas, inventadas e resguardadas pela eternidade. Sua energia inesgotável, seu potencial e a irreverência de um jovem rebelde o transformou no cidadão mais popular de nossa cidade. A música em sua pequena trajetória de vida me faz imaginar e inventar que ele teria sido convidado para tocar e cantar no conjunto musical os Penetras nos matines de domingo no Cine Rex onde a juventude marcava presença em grande estilo, cantavam e dançavam ao som dos Penetras, que na sua música de abertura dos Shows diziam assim, “ nós somos os Penetras, estamos em todos os lugares” grande momento do inesquecível conjunto musical os penetras.

O Itaunense Ahmés de Paula Machado foi destacado artista plástico e professor de Belas Artes no RJ, e o osnofa propositalmente colocou o Ramé como nosso artista plástico na Galeria de Arte do Espaço Cultural, na verdade, o "Ahmés de Paula Machado". É o nosso artista plástico homenageado, como é uma história imaginável resolvi trocar os nomes das celebridades. Pra quem não sabia, fique sabendo o nosso artista plástico, é o Ahmés e ele era filho do Dr. Ovídio Machado e de D. Zélia de Paula Machado e irmão da D. Yedda (esposa do Sr. Lauro Borges), da D. Nêda (esposa do Sr. Dirceu Alves de Sousa), da D. Gláucia (esposa do Sr. Valdir Corradi) e do Sr. Ocean Machado.

Mas o Ramé, este ícone da nossa história, o James Dean de itaúna foi quem me fez lembrar momentos inesquecíveis de nossa querida Itaúna, tal qual o programa do Marcelo de Faria Matos o Popular Mineirinho, a Tarde Sertaneja de 15 às 16 horas de segunda a sábado era um momento de lazer para muitos Itaunenses. Este bordão na propaganda da casa das Roupas é mesmo de mais, “naquele tempo Adão e Eva não vestia porque a Casa das Roupas não existia”, o Mineirinho não era só um artista de radio, era um verdadeiro conhecedor da dramaturgia e um artista cômico da maior grandeza, eu o conheci e tive o prazer de trabalhar com ele na radio clube de Itaúna nos dias de Sábado. Lembrando da Miss Itaúna Deise Carvalho, o professor e locutor da radio Clube estava literalmente certo, quando do seu comentário a respeito da miss Deise Carvalho, um metro e oitenta de sensualidade e beleza, Deise era natural de Itatiaiuçu e por tantos anos morando, trabalhando e estudando em nossa cidade, se transformou em uma Itaunense de coração.

Ainda o professor e locutor esportivo Sergio Santiago foi à maior revelação que Itaúna já teve nas narrativas esportiva de nossa cidade, um verdadeiro Jota Junior. Vou mais longe ainda lembrando o sobrado da família Leão meus primos por parte de meus avos paternos, a Lanchonete do Mizirico faz parte da desta historia maravilhosa, o sobrado que um dia tivemos ali na Praça da Matriz, que durante as festividades mais importantes o imponente sobrado se transformava num palco onde amigos da família Leão eram recebidos com muito gosto pelo saudoso casal Wiliam Leão dona Maria Geralda. Quantas paradas de Sete de Setembro foram aplaudidas daquelas sacadas e outras festas comemorativas e também o nosso imperdível Carnaval, a importância deste sobrado vale a boa lembrança que tive, quantas pessoas viram das sacadas do sobrado da família Leão estas boas lembranças, que história do jovem Ramé me fez contar.

Agradeço os amigos Vinicius Regal e Virginia do Guaracy, graças aos conhecimentos de ambos pude justificar e comentar este causo, obrigado pelo o respeito e a sinceridade de vocês.

Atenciosamente – osnofa

Afonsinho
Enviado por Afonsinho em 01/06/2013
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