Questão de Um Chapéu em Pendura Saia

Lá em Pendura Saia aconteceu um fato inusitado no ano de mil novecentos e cinqüenta e oito, como lá não passava de um pequeno povo todo mundo sabia da vida de todo mundo. Dona Helena esposa do seu Bento dono do armazém de Pendura Saia tinha um tio por nome de Nestor ele tinha uma fazenda em Pendura, era casado com dona Ismênia, eles tinha três filhos dois rapazes e uma moça. O mais velho chamava João Batista, o outro Carlos e a filha Maristela.

Seu Nestor era um homem bem matuto, mais matuto mesmo mal sabia assinar o nome dele, desde que Maristela era criança ele disse assim.

-Que o moço para casar com a filha dele tinha que usar chapéu, porque homem sem chapéu não era homem direito, nem de confiança. Dona Helena ficava com uma raiva danada, porque o seu marido não usava chapéu, era um homem direto, honesto, muito estimado por todos de Pendura.

Em certo final de semana ele estava na casa de dona Helena, saiu com essa conversa novamente aí ela não agüentou, disse

-Tio deixe de bobagem, isso é coisa boba, usar ou não chapéu é questão de gosto. O Bento não usa chapéu, sempre foi e é um homem muito estimado por todos aqui, penso que até o senhor gosta muito dele porque está sempre aqui em casa de prosa com o Bento.

Dona Ismênia diz para a sobrinha

-Helena já falei para o seu tio deixar de bobagem, mais ele é turrão, não escuta o que eu falo.

No que ele disse,

-O único homem que não usa chapéu, em quem confio é o Bento mais ninguém.

Maristela ouvia essas conversas fica calada, nunca dizia nada, ela já estava com seus quinze para dezesseis anos, era uma moça muito bonita, de cabelos pretos, pele bem clara, olhos azuis, uma boca carnuda e bonita.

Como lá em Pendura só tinha missa no primeiro domingo do mês que era quando o padre ia lá, toda redondeza ia para lá assistir a missão o povo de lá era muito devoto. Neste domingo após a missa Rodolfo filho do seu Jaime outro fazendeiro lá de Pendura chegou para o seu Nestor dizendo,

-Seu Nestor, precisa levar dois dedos de prosa com o senhor em particular.

Como Rodolfo não usava chapéu não era bem quisto aos olhos do seu Nestor que foi logo dizendo,

-Pode dizer o que você quer, porque não tenho particular nenhum para falar com você.

Ele insistiu ainda,

-Seu Nestor, por favor, preciso falar com o senhor em particular mesmo.

-Moço, pode falar não tem particular com moço da sua laia, um moço que anda com a cabeça descoberta de chapéu.

-Sendo assim seu Nestor eu vou dizer, aqui mesmo aí todos de Pendura irão ficar sabendo de uma vez por todas pela minha boca.

-Moço, fala logo sem fazer rodeio que estou com pressa, Bento está me esperando para eu ir para casa dele.

Seu Bento, com a esposa estava do lado do tio dela.

-Seu Nestor, o que eu tenho que falar com o senhor é o seguinte, a Maristela está grávida, o filho é meu, vou me casar com a sua filha o senhor querendo ou não.

Seu Nestor ficou branco, lívido, depois foi avermelhando, já foi pegando no rabo de tatu, para bater no Rodolfo, quando seu Bento segura o seu braço e disse,.

-Helena e tia Ismênia me ajude aqui, vamos levar logo o tio lá para casa, para acalmá-lo, para depois conversarmos.

E disse para o Rodolfo

-Vá para a casa de seus pais que depois mando chama-los, para conversarmos direito.

No largo da igreja virou um fuxico só, uns dizia que Maristela estava perdida para sempre, Iria era acabar no cabaré da Arminda, pois ela tinha sido desonrada, desonrou toda família também. O Rodolfo um rapaz rico que havia estudado na capital não iria se casar com ela, com uma moça que se entregou a ele antes do casamento. Aliás, até antes mesmo de namorar porque em Pendura ninguém nunca tinha ouvindo dizer que eles namoravam. Antenor o fazendeiro mais rico e influente de Pendura, disse para o povo,

-Vão todos para suas casas cuidar de suas vida em fez de ficar aqui no disse me disse.

O povo calou, foi saindo de fininho, seu Antenor rumou para a casa de Bento, porque já se considerava da família, afinal de conta seu filho estava de casamento marcado com a irmã do seu Bento.

Quando lá chegou, estava o maior fuzuê na casa de Bento, pois nada acalmava seu Nestor, que queria dar uma surra na filha com o rabo de tatu, depois ir matar o vagabundo do Rodolfo que havia desonrado sua casa. O que iria ser da sua filha agora? Ia virar mulher dama? Se assim fosse ele preferia matar a filha, dar cabo da vida dele também.

Seu Antenor perguntou para o Bento

-Como estão as coisas aqui?

-Difícil, muito difícil, nada que eu falo acalma o tio.

-Deixe-me tentar conversar com ele Bento.

-Certo, vá lá é um favor que você me faz.

Seu Antenor foi até a área de serviço da casa do seu Bento, disse para seu Nestor.

-Nestor, vamos nos sentar para conversarmos, porque ficar deste jeito não vai levar a nada. Conversando podemos nos entender.

-Entender que nada, aquele desgraçado desonrou a minha família inteira desgraçou a vida da minha filha.

-Nestor, acalme-se, vamos conversar homem.

Com muito custo seu Antenor conseguiu acalmar o seu Nestor.

Ele chamou o amigo Bento, que veio os três sentaram para conversar. Seu Antenor homem sensato, justo foi logo dizendo a ele.

-Nestor, conheco o Rodolfo, ele é um rapaz sério mesmo não usando chapéu como era o seu sonho, que o rapaz que casasse com a Maristela usasse. Chapéu não faz um homem, o homem é que faz o chapéu. Bento não usa chapéu é um bom pai, bom marido, honrado, trabalhador, estimado por todos nós aqui de Pendura.

-Bento é diferente!

-Nestor, deixe de ser turrão. Pensa comigo o rapaz foi falar com você, queria um particular mais você por ser turrão como é não quis. Se ele falou para toda Pendura ouvir é porque tem boas intenções com a Maristela, ouvi perfeitamente quando ele disse que iria se casar com ela.

Bento diz,

-Ele disse isso sim tio. Vamos chamá-lo aqui em casa juntamente com o pai dele que é um homem honrado para conversar, ver quis as reais intenções dele.

Assim fizeram, quando Rodolfo chegou à casa do seu Bento acompanhado de seus pais. Cumprimentou a todos, foi logo dizendo para o seu Nestor.

-Seu Nestor eu amo de verdade a sua filha, ela também me ama, infelizmente aconteceu e ela engravidou. Hoje quando fui falar com o senhor nós já tínhamos conversando, ontem a noite mesmo falei com o padre expliquei a situação a ele, pedi para que nos casasse, ele disse que nos casaria sim, desde que eu falasse com o senhor primeiro.

Quando o chamei para conversar em particular o senhor não quis, duvidou da minha integridade, quando cheguei a casa foi que meu pai me disse que o senhor não confia em homem sem chapéu, se eu soubesse disto teria colocado um na cabeça sem nenhum problema.

O padre ainda não foi embora de Pendura esperando para que o senhor e meu pai vá lá conversar com ele para que ele nos case ainda hoje, pois nos conhece desde pequenos e sabem que somos solteiros.

-Está vendo tio que não podemos confiar somente nas aparências das pessoas nas indumentárias que elas usam ou não.

E naquele dia às dezoito horas foi celebrado o casamento deles, Rodolfo para satisfazer o sogro colocou um chapéu na cabeça, Maristela casou com um vestido que Helena havia acabado de fazer para a cunhada porque elas tinham o mesmo corpo. Mas depois do casamento Rodolfo continuou a não usar chapéu porque não gostava, quanto ao seu Nestor enchia a boca quando ia falar do genro. E todos em Pendura ficaram admirados do Rodolfo ter se casado com a Maristela mesmo ela tendo se entregado a ele antes do casamento. Porque lá em Pendura moça que fazia isso era abandonadas pelos namorados que dizia que elas eram moças fáceis se tinha ido com ele ia com qualquer um por isso é que lá havia muito casamento na polícia mais esse é para ser contando em outro causo.

Lucimar Alves

Lucimar Alves
Enviado por Lucimar Alves em 02/06/2013
Código do texto: T4321783
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