FILHO DA ONÇA

FILHO DA ONÇA:

Corpo franzino, escurinho, de falar matraqueado, dentro de um cabalo "blak power", corte curto e muito bem tratado era ele o novo eletricista de um clube, talvez o de número de vinte e lá vai linguiça, nesses dois últimos anos de meu Deus.

Ismael o seu nome. Popular, entre os outros empregados graça a seu papo agradável, mesmo sem entender nada de quase tudo. Sempre dando um palpite em qualquer assunto, uma bicadinha de nada, de eletricidade entendia muito.

Ao aproximar de uma rodinha, onde normalmente fala dos pagamentos atrasados, décimo terceiro retido, Vila Nova "PENTA" futebol clube, ou uma ou outra gozação em cima de algum presente ou até mesmo de algum ausente lá das bandas da administração, chega “paurreando” numa panca danada.

Em pouco tempo por seu tipo simplório, brincalhão sem se incomodar muito com os blefes dos outros, passou a ser blefe de muita o alvo de brincadeiras, pela turma da rodinha do cafezinho e adjacências. ; como também não podia deixar de ser, transformando-se em exímio gozador, uma verdadeira fera.

"Toin" líder espiritual, em volta de quem sempre começa a reunião, pensa com seus botões, depois de ter sido vítima de uma tremenda gozação do Ismael:

- Esse "neguinho" me paga, pensa com os botões de sua cueca.

Esperou que o eletricista descuidasse deixando a porta da cabine de controle de iluminação aberta, que era o seu ambiente de trabalho, seu habitat natural; entrou lá e pegou o alicate "crescente” e outras ferramentas menores, levando-as até a jaula da onça, vazia, pois por motivo de segurança e ecológico, o animal fora doado ao zoológico, escondendo as ferramentas lá no fundo.

Pouco depois veio o alarme de Ismael:

- Roubaram, roubaram as minhas ferramentas...e atrás dos gritos agitava os braços.

Depois de muito procurar, antes de dar a notícia a seus superiores, percebeu que a turma da rodinha do cafezinho lá estava reunida com um ar de gozação; aproximou:

- "Méquié" turma? Ninguém viu alguém pegar os meus "bagulhos”?

A resposta foi uma risadinha sínica ainda em coro. Adivinha ele na hora que a gozação estava consumada. "Toin, muito solicito, envolveu o ombro dele com uma abraçada "camarada", empurrando-o para fora da rodinha e falando-lhe ao pé do ouvido:

- Eu sei onde estão os seus "bagulhos", venha...

- Vê-la "Toin" se não me coloca em outra fria?...

Saíram dali então conversando, sendo levado ao bel prazer lá para as bandas da cascata, ao aproximar da jaula da onça, o seu amigo "detetive" esticou o braço mostrando-lhe as ferramentas no fundo da toca do bicho. Num impulso quase automático, numa inocência toda repentina, adentrou na jaula Ismael para pegar os seus pertences, mais rápido ainda "Toin" o trancou lá dentro. Quando ele pegou as ferramentas e voltou, foi que percebeu que a porta da jaula estava trancada e vendo que todos participantes da "republica livre do cafezinho" ali estavam, rindo todos a cântaros, gozando sua cara de raiva, falaram todos ao mesmo tempo:

- “Você não dizia que em gozação era fera?...” Agora nem chicletes de onça não é, mais e sim é a próprio filhote da fera...

Goiânia, 29/10/2013.

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 29/10/2013
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