CRIME PERFEITO 1

CRIME PERFEITO 1

Aos trancos e barrancos o casamento de Barroso ( prefeito de Montividiu ) e Atibaia passava dos dez anos. Uma década parece muito tempo, mas se for lembrado o tanto que a esposa barulhou a vida do marido até parece que já durara um século. A mulher vivia querendo divorciar, por qualquer discussãozinha queria leva-lo para a Delegacia da Mulher. O coitado mal acabava de tossir e ela já queria usar a Lei Maria da Penha.

Dez anos de convivência e cada vez mais de saco cheio ficava o Barroso.

O bairro Santo Hilário onde moram se vê de uma vez tomado por uma epidemia de dengue. Atibaia de constituição física mais fraca cai de cama com todos os sintomas. Levada ao Posto de Saúde não deu outra, contraira uma dengue.

De quatro a seis meses depois ela se curara. Estava boa de novo e de novo começou a barulhar o pobre marido. Depois de um dia de muita humilhação um colega de trabalho de Barroso testemunha viva de tanta humilhação que o amigo passava sugeriu-lhe:

- Porque você não a elimina?

- Isso não o que será de minha vida, dos meus filhos. Isso não quero para ela não.

Na empresa que trabalhava houve uma modificação de turnos e Barroso foi transferido para o período noturno. Na segunda ou terceira semana um piquete de grevista impediu que os funcionários entrassem. Depois de muito bate boca os empregados resolveram ir para casa. Alguns resolveram tomar um trago em um boteco inclusive Barroso.

Chegando em casa sem avisar as altas horas pegou a sua esposa transando com um Ricardão. Houve um rebôo danado, mas ele não reagiu com violência.

Calado não discutiu nem tocou mais com a mulher no assunto. A vida corria normalmente e ele que sempre fora contra a separação e via a esposa como sinônimo de pureza, continuava com sua mudeza absoluta.

Encontrou uma equipe de combate ao dengue em uma rua próxima de sua casa. Aproximou do chefe da equipe e lhe propôs:

- Pago vinte paus por dez mosquitos contaminados.

- Como o que você que fazer com isso?

- Na escola de meu filho estão fazendo um trabalho sobre o dengue e o aluno que levar mosquitos contaminados passa de anos sem fazer exames. Como meu filho está com notas baixas não tem chance e assim ele pode passar.

- Quem vai provar se os mosquitos estão contaminados?

- Um cientista que é voluntário lá no laboratório da escola.

Convencido o chefe da equipe dando-lhe um endereço lhe disse:

- Procura-me amanhã as dezesseis horas nesse endereço.

- Ok lá estarei com o dinheiro.

Como o combinado foi pegou um tubinho cheio de Aedes Egipys, pagou e foi embora.

Quase no horário de sair tomou um fresco e repousante banho foi ao quarto do casal vestiu o uniforme limpo preparado com carinho por Atibaia. Antes de sair fechou o vitreaux do quarto abriu o vidrinho com os mosquitos e soltou-os no quarto.

Mais ou menos um mês depois a sua esposa morreu.

Na certidão de óbito escrevera-se:

"-MORTE POR DENGUE HEMORRÁGICA".

Goiânia, 30/10/2013.

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 30/10/2013
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