Bela flôr

Lá vem a canoa, cortando o timbó, logo me ponho a pedalar por caminhos de pedras, de troncos caídos e de tantos desejos contidos.

Lá vou eu a pedalar, voam pássaros, pensamentos..., surgem trilhas...., meu Deus, são as idas e vindas da vida com sua bússola determinando destinos.

E caem as lembranças e caem folhas. A água fria do riacho toca meus pés e um cheiro de alfazema toca os meus sentidos, abro os olhos e a vejo cercada por lindas flores. Meu Deus, que bela mulher! Que belo pôr de sol!

- Saia do meio dessas flores moça bonita, que eu quero vê-la...., e ela sorriu, prendeu os cabelos com as mãos e surgiu, linda, do meio das flores.

- Meu Deus, como é linda!

- Moça, por favor, tenho sede.

- Vou pegar água, moço, volto já.

Meu Deus, que lindas curvas, quem me dera contorná-las, que lindos olhos quem me dera procurassem os meus.

Uma pequena casa de taipa, coberta de palha, um pequeno roçado, meu Pai, me bastava se eu pudesse tê-la.

- Moço! moço, sua água.

- Muito obrigado, moça.

- Com o pensamento distante, moço.

- Não, ele estava ao seu lado o tempo todo.

E ela sorriu e sentamos à sombra de uma árvore.

- Por Deus, moça, não me olhe assim, tenho que partir e se anoitecer ao seu lado não saio mais daqui.

E ela sorriu e deitou-se sobre as folhas e eu não vi o tempo passar.

Quero que saiba que sua beleza me sacia todos os desejos, desejos nus, mas que por ironia do destino eu tenho que partir.

Adeus, bela Iracema, por Deus, guarda-me em teu uru.

Praia de Maria Farinha, junho de 2004

Marcos Cavalcanti

Cavalcanti
Enviado por Cavalcanti em 26/04/2007
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