O agricultor e a funerária

Norato, um agricultor bem sucedido, com grande habilidade no convívio com as plantas, colhia de tudo o ano inteiro. Herdou essa arte com seu inesquecível pai, herdou de seu avô a amabilidade com os animais. Ele até conversava com os animais, um velho hábito lá da roça, e com esse convívio harmonioso com a natureza e com os animais ele nem percebeu que seus irmãos todos haviam ido morar e trabalhar em São Paulo e anos depois voltavam a passear de carros e motos grandes. Então Norato decidiu que iria vender suas vacas e seus bois, tirar sua carteira de motorista e também iria se mandar para São Paulo. E assim aconteceu.

Norato ao chegar a São Paulo, seus irmãos arrumaram para ele um emprego de motorista numa funerária com um nome até sugestivo: “Funerária Caminho do Céu!”

Norato vislumbrado com o bom salário de carteira assinada, churrasco e cerveja nos fins de semana. Com aquela gigantesca movimentação, levou dias para que visse que todo dia queira ou não queira ele se lembrava da tão temida morte.

Ele deparou-se com sua realidade e começou a ter pela primeira vez a tal da insônia, pois começou a lembrar daqueles defuntos feios, inertes e sem vida ali na sua frente todo dia. Norato começou a ficar doidão e para fugir e driblar a realidade, ele começou a beber excessivamente, mas sem sentir ele já se sentia um autentico paulistano e nesse vai e vem ninguém sabe quem é quem Norato rachou os bicos e num forró rala bucho conheceu Cátia com uma saia muito curta, mas usava uns óculos muito bonitos, porém quando a farra do boi estava no auge acontece algo que mudaria sua vida.

No trânsito Norato acertou a traseira de um caminhão, a porta traseira da Van se abre, o caixão cai no meio da rua e o defunto gordo e velho se esparrama no asfalto. Norato desce do carro correndo abraça-se com aquele defunto gordo e velho na tentativa ele cai abraçado àquele defunto.

Norato levanta seu olhar e vê uma pequena multidão de transeuntes curiosos apreciando a cena, uns sorriam, outros passavam balançando a cabeça. Cai a ficha de Norato. Atônito e apavorado custa a se desvencilhar daquele abraço ao defunto velho, feio e gelado e sai correndo e gritando pela calçada afora: oncotô? Oncotô?