Papo Cabeça

Algum tempo atrás estava passando um feriadão com meus filhos e noras em Arembepe. Domingo á noite, todos foram na praça passear, avó foi à igreja e ficou eu minha neta de cinco anos na época, tomado café com ovos quentes em casa.

- Vô! Posso te perguntar uma coisa? - Parece que esperou todos saírem.

Já sabe, pergunta de criança deixa você ás vezes embaraçado e encurralado.

-Claro – resposta errada.

- Por que o Senhor se separou de vovó.

Não falei?

- Há faz muito tempo, brigas, pensamentos diferentes, mas eu gostava dela. – falei como se fosse pra mim e tentei desconversar.- Tome seu café vai esfriar.

- Me conte tudo vô, não me esconda nada. – falou com o pão na boca me olhando.

- O café vai esfriar Letícia – nova tentativa com a autoridade de avô.

- O Sr. não tem namorada. Porque não volta pra ela? – criança insistente viu.

- O tempo passou, somos agora bons amigos... – falei automaticamente

Pensei: Não acredito que estou tendo esta conversa com minha neta de cinco anos.

- Meu pai ás vezes briga com minha mãe, não quero que ele se separe... – pensativa molhou a pão no café, graças a Deus. Antes que ela falasse mais alguma coisa, cortei.

- Já chega Letícia, não vou ficar conversando sobre isso com você.

E ela se acabou de rir.

Não demorou muito e o pessoal foi chegando e trouxe alguma coisa pra ela e me salvou do interrogatório infantil.

- Tá rindo de que Letícia? – Perguntou a mãe sorrindo também.

- Nada. – tentando esconder o riso e olhou pra mim.

- Ficou tranquila aqui com seu avô?

- Fiquei conversando, eu e meu avô, não foi vô?– quem desconversou foi ela agora.

Todos sorrindo me olhando, sem saber o teor da conversa. Depois que contei pra todos, foi uma gargalhada só.

Roberto Ornelas
Enviado por Roberto Ornelas em 10/04/2014
Código do texto: T4764371
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