A BRUXA DO ÔNIBUS


Em um fim de tarde, voltando do médico, muito cansada, ônibus lotado, um trânsito infernal... Há saudades da minha cidadezinha do interior, Itagibá. Levantou-se das cadeiras, algumas pessoas para outras se assentarem, ao sentar- me , uma senhora de idade , cara de bruxa, espírito mal humorado, muito feia, pele clara, cabelos grisalhos, saia preta, blusa estampada, sentou- se ao meu lado. Parecia ser racista, daquelas que não quer sentar ao lado de uma pessoa que não seja da sua cor, parecia ter nojo, medo da nossa cor.
Ao colocar a sacola no chão do ônibus, empurrou com o pé, calçada de sapato preto, só faltava a vassoura para voar, a tenebrosa senhora azeda. Ao fixar meus olhos nela, de forma diferente, puxei minhas coisas para perto de mim, com o coração dolorido, nunca passei por nenhuma situação assim, tão deprimente. Me olhava querendo perguntar algo... Falou bem baixinho ao meu ouvido:
- Mãe, essa mulher é ruim, te empurrou.
Nada respondi, apenas abracei. Havia um moço muito educado, percebendo pediu para meu filho se assentar na sua cadeira, repugnando a bruxa dos males... Agora eu que sentia nojo do ato dela, afastando-me de forma visível a todos, não estava me igualando, achei justo ter aquela atitude. Ao chegar na parada, percebi que ia descer, levantei-me e deixei o espaço vazio para passar, pensei:
- Esqueceu a vassoura sua bruxa!!
- Rsrs... alívio na alma, por tê-la saído de perto com seus fluídos ruins, poluindo o ar.
Olhou o moço e disse:
- Parabéns, educada você... Não aguentaria.
Veio a vontade de chorar, mas não fiz, fui pra casa, tomei um belo banho restaurando minhas forças e agradecendo a DEUS pela minha vida, pois amo minha cor.



JEY LIMA VALADARES ** Salvador**11-12-2013
Foi real esse conto, ainda existem pessoas ignorantes e se esquecem que não há brancos
legítimos  em nosso país, país de misturas de cor e raças.
Jey Lima Valadares
Enviado por Jey Lima Valadares em 18/04/2014
Reeditado em 24/09/2015
Código do texto: T4773802
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