O MENINO DA FAVELA

Isaías nasceu numa favela onde a exclusão social predominava. Trabalhando como servente de pedreiro, o pai tentava de todas as formas colocar em casa, o mínimo necessário para o sustentar da familiar,mas a vida difícil, fugia ao seu controle. Vivia entristecido com a falta de oportunidade de estudo para a educação dos filhos, um fator social indesejado que os conduziam a caminhos não recomendáveis. A esposa além de cuidar dos filhos e dos afazeres domésticos lavava e passava roupas para famílias de um bairro vizinho.
Embora trabalhadores, o que conseguiam estava longe de atingir as necessidades da familia vivendo em um pais onde a inflação corroia todos os seus ganhos.
Isaías crescia e sonhava com dias melhores. Era caçula de mais quatro irmãos, e logo que começou a ter noção da vida, se espelhava nos pais tentado agir corretamente. Sempre desaprovando e repreendendo os irmãos que eram influenciados por más companhias, e acabavam praticando pequenos delitos nos bairros vizinhos entristecendo os pais.
Embora honestos e trabalhadores, não conseguiam a educação que sonhavam para os filhos. Mas Isaías demonstrava ser diferente e dava sinais de que seria alguém na vida. Enquanto os irmãos vadiavam pelas ruas, ele estava sempre ao lado da mãe entregando as malas de roupas aos clientes. Super educado logo conquistou a simpatia e confiança dos moradores nos condomínio de luxo da cidade, aonde tinha carta branca para entrar e sair a qualquer momento.
Fazendo favores aos que o solicitavam, e catando latinhas e objetos recicláveis o garoto conseguia o suficiente para os materiais escolares, e assim pode estudar um pouco.
Aos dezesseis anos conseguiu seu primeiro emprego. Trabalhando como metalúrgico. Passou a ser arrimo da familia, cujos pais. Envelhecidos precocemente, pela dor e o sofrimento causado ao ver um filho condenado a prisão perpetua por um assalto seguido de morte, e outros três mortos, abatidos de forma trágica em um confronto com a policia que combatia o tráfico de drogas. Isaías dedicava a vida cuidando dos pais, pobres e sem forças para trabalhar, ele jamais os desprezou. Enquanto isso na empresa passou a ser monitorado pelo gerente de produção, que ao saber o trágico fim de seus irmãos já não o olhava mais como o bom funcionário que sempre foi, mas, como um marginal de favela, que poderia a qualquer momento causar algum dano a empresa.
No refeitório onde era servido o almoço, a nutricionista da empresa, observava o comportamento dos funcionários, recomendada pelo gerente. Logo ela notou que Isaías se servia apenas arroz e feijão. Intrigada com fato Levou ao conhecimento do gerente. Que advertiu pedindo explicação:
-- Veja bem eu não lhe devo nenhuma explicação, não me basta sua perseguição no trabalho, agora tenho que tolerar interferir na forma como me alimento também?
- Ou se alimenta igual a todos ou será demitido por justa causa! A nutricionista tentou amenizar os ânimos da discutição, mas o gerente estava decidido e demitiu Isaias alegando justa causa. Ao tomar conhecimento da demissão. O diretor proprietário da empresa, exigiu a presença de ambos ao seu escritório.
-- Então seu Isaias o que o levou a ser demitido?
-- por comer apenas arroz e feijão em minhas refeições!
-- E porque comes apenas arroz e feijão se há uma variedade de alimentação bem nutritiva a sua disposição?
--É por que eu não acho justo meu pai e minha mãe idosos, doente se alimentando mal, enquanto eu me farto nessa variedade de iguarias deliciosas aqui da sua empresa. Eles vivem apenas do meu salário que não da para cobrir as despesas de alimentação e medicamentos. E assim sendo eu não me julgo com direito de me alimentar melhor que eles. O senhor não imagina como é triste a realidade de um casal que deu tudo de si para criar sua familia dentro dos princípios morais, mas o mundo conspirou contra eles, os excluindo da sociedade simplesmente por serem pobres. Agora eu não sei o que farei, não tive culpa se meus irmãos escolheram caminhos que não conduz ao bem estar pessoal e se deram mal na vida.
--Você não será demitido coisa nenhuma, e a partir de hoje vai ocupar o lugar deste gerente, sem coração e incompetente, que não sabe respeitar o ser humano e nem valorizar as qualidades de um homem de bem que tem como principio o amor ao próximo, teus pais jamais passarão necessidades, vou adotá-los como meus pais, e você como irmão.Vou cumprir uma promessa feita a mim mesmo. Fui abandonado na porta de um orfanato, nunca soube quem foram meus pais. E de lá eu sai com o pensamento em trabalhar honestamente e vencer na vida. E só me casaria quando isso acontecesse e eu conseguisse adotar um casal como pais, e experimentasse a sensação de ter uma familia de verdade. E mais cedo do que eu pensava esta hora chegou você quer ser meu irmão?







 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 18/06/2014
Reeditado em 18/06/2014
Código do texto: T4849067
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