A VENDINHDA DE ROÇA E SEUS CAUSOS



La pelos idos anos sessenta apareceu no povoado do Picão, vindo dos confins de Bonfim o tal jaó, nome esse pertencente a um pássaro suro da fauna brsileira. Suro quer dizer sem cauda. Na época ninguém recém chegado por ali, estava imune a apelidaria que permeava as margens  do córrego da água quente, nome do saudoso córrego que La existia. Com isso logo o jaó cresceu seu rabo e passou a ser chamado de pavão. Parece ter gostado da troca de apelido. Ele era um homem alto e de boa aparência, embora longe de equiparar a plumagem de um pavão, se entusiasmou com sua pose e passou a esnobar grandeza.
Se dizendo economicamente bem situado, cismou em estabelecer com uma tradicional vendinha de roça, daquelas com seu balcão de madeiras cargas de fumo em cima, mercadorias embaladas em capangas etc. e tal. Sua decisão acabou me Trazendo preocupações, seria ele, para mim um concorrente forte, uma vez que eu dependia da minha venda, para gerir minhas despesas familiares.
Mas o sonho do pavão em voar mais alto durou pouco, ao invés de um concorrente eu quase ganhei mais um cliente. Ele veio até mim querendo saber e o forneceria para a montagem de seu comercio. Procurando se eu teria La uma carga de fumo velho daqueles perdidos, que o vendesse mais em conta para iniciar seu negócio, o respondeu:
--Olha meu amigo esse pessoal aqui come de tudo, no que se refere à alimentação, mas cachaça e fumo só consomem coisa de primeira qualidade. Se suas pretensões é ser comerciante, melhor procurar um atacadista que te forneça. Você vir recorrer a mim que sou um vendeiro pobre pra te fornecer é com certeza pedir esmola pra dois ao mesmo tempo. Seguido meu conselho ele se estabeleceu.
Uma semana depois indo à cidade, ele deixou a venda a cargo de um vizinho, ao voltar seu funcionário improvisado havia efetuado uma venda de vários itens, ora prestar contas, o levou até a parede casa, cada figura desenhada significava a pessoa que efetuou a compra e cada risco as mercadorias vendidas.
--Não to entendo nada que você fez porque não escreveu?
--Uai ieu num sei lê num iscrevê!
-- E porque você não me disse?
-- Ocê num mim priguntô, mandô ieu toma conta e saiu!
No mesmo dia a tarde estava ele descarregando as mercadorias em minha casa e afirmando:
Olha vê quanto me da por este estoque não nasci pra ser comerciante de jeito nenhum eu vendi a cachaça, o resto ninguém quis comprar, fui dar umas balas de troco pra um cabra, ele num quis disse que eu desse a ele uma cheirada de pó de fumo pra cada bala, que toda tarde quando viesse da corta de lenha ele passaria lá para receber sua cheirada. Vê se pode cheirada de rapé no lugar de troco.
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 29/09/2014
Reeditado em 07/08/2017
Código do texto: T4980646
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