ÁRVORE DA SOLIDARIEDADE

Na década de 80 um dos meus irmãos, o José Eustáquio – Kika, resolveu construir uma Árvore de Natal de tamanho inusitado, em se tratando de um ornamento doméstico.

Erigiu uma torre feita de cantoneiras de aço, a qual atingiu 22 (vinte e dois) metros de altura.

Comprou mais de um quilômetro de cabos elétricos, mais de mil lâmpadas incandescentes coloridas, boquilhas, rolos de fita isolante, rolos de solda e engenhou uma parafernália eletrônica para que as lâmpadas, acendendo e apagando alternadamente, compusessem uma grande variedade de movimentos multicoloridos.

Logo, logo a árvore ficou famosa e várias emissoras de televisão se dispuseram a fazer reportagens a seu respeito.

Passadas três décadas da inauguração da Árvore de Natal, os fios elétricos e as boquilhas chegaram ao final de suas vidas úteis.

A Árvore de Natal que tanto encanta a vizinhança e todos os que passam pelas proximidades à noite, no período natalino, nos últimos dois anos não fora ligada.

Decidiu-se então fazer uma campanha com os membros da própria família, que por sinal é bastante numerosa, no intuito de arrecadar recursos para reativar aquele já tradicional ornamento.

Foi solicitado que cada membro contribuísse com pelo menos R$10,00 (dez reais), para que fosse possível reativar a tão aguardada Árvore de Natal do Kika. Afinal, na hipótese de cada um contribuir com o valor mínimo sugerido, já seriam mais de R$500,00 (quinhentos reais).

Uma sobrinha, a Beatriz – Bia, de oito anos, juntou suas economias, no total de R$3,70 (três reais e setenta centavos) e as encaminhou ao meu irmão, juntamente com um bilhete, que na sua inocência, tinha manuscrito: “Tio Kika esse dinheiro é meu e de minha família. É para ajudar na Árvore de Natal”.

Lisonjeado, o Kika recebeu a quantia e guardou o bilhete para mostrar orgulhosamente aos familiares.

E dessa forma as crianças vão percebendo a importância da participação de cada um, para a concretização de algo que é para benefício de todos.