UMA FASCINANTE GOTÍCULA ILUMINADA

Certa tarde de inverno, no finalzinho do mês de julho do ano de 2014, eu me encontrava sobre o telhado de uma residência cujos proprietários me solicitaram que fizesse a limpeza periódica da caixa d’água do imóvel.

Uma das medidas necessárias a essa atividade evidentemente é a de cortar o fornecimento de água ao reservatório, o que eu fiz bloqueando a vazão na própria boia.

Após ter realizado a limpeza, conforme as orientações da Copasa , preparei-me para liberar o reabastecimento da caixa quando um ofuscante ponto de luz extremamente brilhante me chamou a atenção.

Era uma luz viva como a luz das estrelas, quando observadas em uma área rural, no contraste do céu escuro.

Ao dirigir minha atenção para aquele ponto, percebi que se tratava de uma reluzente gota d’água que se encorpava no orifício de saída de água da boia.

A gota ainda estava em formação, naquele intervalo de tempo em que as forças intermoleculares, as forças externas e as forças de adesão ao conduto de gotejamento ainda se encontravam em equilíbrio e conseguiam contê-la por tempo suficiente para que eu apreciasse a rara beleza cristalina e energia ali geradas.

Fiquei maravilhado com o inusitado que os raios tangentes do sol, associados à vítrea limpidez da água contida naquela gotícula era capaz de proporcionar aos meus olhos.

A perfeita angulação dos raios solares, a posição em que a gotícula se encontrava e o contraste com as paredes escuras da caixa d água e da sombra sob o telhado me proporcionaram momentos de indescritível encantamento. Algo único que eu não pude compartilhar com mais ninguém a não ser por intermédio deste estreio relato, cujas palavras não alcançam a precisão de traduzir, à altura, o fenômeno por mim privilegiadamente observado.

Esse contexto é irrepetível, mas, como está gravado em minha memória, eu tenho a faculdade de revivê-lo incansavelmente.

Quão grandiosa é a natureza!

Se uma gotícula, que não chegava a medir ¼ de centímetro de diâmetro, tem o poder de transmitir tanta luz, calor, energia e vislumbre, o que se pode dizer então, em relação à infinita força do universo?