o Malasombro
O MALASOMBRO
Lembro-me bem o dia, era uma quarta-feira a noite por volta das 19:00hs quando tudo começou. Na rua em que morava existia uma lanchonete batizada “caldo de cana de seu Noca”. O local era muito movimentado, seu Noca, um senhor magrinho sempre atencioso com a sua clientela, cuidava em manter o ambiente bem limpinho. Onde ficava o engenho tinha dois tambores, um com as canas para moer e o outro com os bagaços. O tempo passou, seu Noca ficou doente e veio a falecer. A lanchonete continuou funcionando, agora quem tomava conta era um dos seus filhos. Pois bem, nesta noite algo estranho aconteceu! Brincávamos na calçada da lanchonete, quando repentinamente o engenho de cana começou a funcionar sozinho. Corri para casa assustado.
- papai, papai, Tem um malasombro na lanchonete do seu Noca!
- Deixa de conversa menino!
- Tem papai, venha ver!
- Deixe de invenção, moleque!
- Não tô inventando não papai!
-Venha ver, venha ver!
- Hum, só mim faltava essa, um fantasma!
Neste momento papai dá um salto da cadeira de balanço, como um raio.
- Que barulho é esse?
- É o engenho de seu Noca.
- Não pode ser!
Correu em direção à lanchonete, para verificar o ocorrido, quando se aproximou pode ouvir com mais clareza o nhec,nhec,nhec, do engenho funcionando. Parou estatelado, não pode ser! Olhou pelas as brechas da porta e nada consegui ver. Vão ligeiro chamar Geraldo, para ele abrir a lanchonete. Antes que ele chegasse, começou aglomeração de gente querendo saber o que estava acontecendo, a resposta era Sempre a mesma, o engenho ligou-se sozinho. Quando todos estavam assustados com a situação, ouviu-se o silenciar do engenho, e uns batidos nos copos. Pronto! Era o que faltava para começar as especulações, o que se mais ouvia é que era o malasombro do Seu Noca. Quando Geraldo chegou, viu a tamanha multidão, sem entender o que estava acontecendo, abriu a lanchonete e observou que não tinha nada fora do lugar, e que tudo se encontrava nos seus devidos lugares.
-Oi pessoa, aqui ta tudo normal, normal, normal! Está tudo do jeito que deixei.
- Não é possível! Eu ouvir o engenho em ação, meu filho também ouviu, e todos que aqui estão também ouviram, não foi pessoal?
- foooi!
- Bem seu Naldinho, eu vou para casa, qualquer coisa pode mandar chamar!
Pois , todos que estavam ali se dispersaram, voltei para casa com o papai. Eu estava bastante nervoso e assustado com todos aqueles comentários a respeito do malasombro do seu Noca. Chegando em casa fui direto para a cama, tremendo mais que rabichola de pipa quando está no céu, me deitei com o rosto colado na parede de tanto medo que sentia. Porém, durante cinco noites, o engenho liga e desligava sozinho. Geraldo já se preocupava com a situação, os comentários eram os mais diversos possíveis. Durante o dia o movimento da lanchonete continuava normal. Toinho sempre estava tomando um caldinho de cana lá.
- Geraldo! Eu estava pesando hoje de manhã sobre os últimos acontecimentos aqui durante a noite.
- Hum! O que você pensou?
- Veja bem, eu topo entrar com você a noite aqui.
- Como é?
- É o que você ouviu, eu topo passar a noite aqui.
- Tu tens lá coragem!
- Se tenho! Pague pra vê.
- Tá certo, como você topa tudo vou fazer uma proposta. Se você conseguir desvendar o mistério, eu lhe pago uma boa quantia. Resolvido?
- Não! Não é assim não. Veja bem eu matutei um plano, você tem que entrar comigo.
Geraldo pensou, pensou. Que plano essa cabra tem? O que será que ele tá arquitetando? Homem sei não! Toinho, que danado de plano é esse? Toinho se aproximou, e falando baixinho contou todo seu plano. Geraldo toma a sua decisão: Tá bem às 18:30 tá tudo certo!. Na hora combinada tá lá os dois.
-Tudo pronto?
- tudo nos combinados. Vamos entrar? O tá com medo Seu Geraldo?
- Quem tá com medo? Agora pronto! Vamos entrar logo!
A esta altura já começava a chegar gente para ver mais uma vez o malasombro de seu Noca em ação. Geraldo abriu a lanchonete, mandou Toinho entrar, e entrou em seguida. Com a luz acessa, tomaram as suas posições de acordo como combinado, e ali eles ficaram bem quietinhos, com as luzes apagadas. Quando de repente o engenho começa a funcionar, neste momento Geraldo corre para porta saindo da lanchonete, pois o mesmo tinha deixado a porta só encostada sem que Toinho percebesse, fechando-a imediatamente.
- Acende a luz Geraldo, ou Geraldo acende a luz!
Nada de Geraldo responder e nem acender a Luz. Neste momento ele notou que estava só. Que estava do lado de fora começou a ouvir os gritos para abrirem a porta, com muito sacrifício consegue acender à luz, quando olha para o engenho vê o mesmo funcionando a todo vapor, é quando o malasombro passa pelo o interruptor que acionava o engenho e desliga. Toinho olha para ele com cara de brabeza, agora vou lhe pegar. A esta altura os curiosos de plantão não agüentava mais esperar pra ver o que tinha acontecido, quando começaram a ouvir um intenso barulho de cadeiras caído e copos quebrando, mais uma vez tudo fica em silencio, só se ouve a voz de cansaço de, podem abrir a porta, que o bicho tá dominado! Geraldo abriu a porta devagarzinho, toma uma boa distancia, e fica na espera de Toinho,quando o mesmo aparece todo sujo e com um saco na não,
- Aqui está o malasombro, que perturbou todos esses dias, este não perturba mais!
Geraldo se aproxima de mancinho, com medo do saco
- Como você conseguiu esse feito?
- Batalha foi sangrenta, quando eu vi o bicho disse: ou eu ou ele! Parti pra cima com gosto. O danado correu pro lado e pro outro tentando escapar, mas não teve jeito, se rendeu, peguei o porrete de amassar a cana de-lhes umas porretadas e coloquei no saco.
- parabéns, você foi macho que só lampião!
- Já de você não posso dizer nada.
- Homem deixe de besteira! Mostre logo esse tal de malasombro.
- Tá certo!
Abrindo o saco, os curiosos se afastam mais uma vez, com medo do que poderia sair, joga no chão o malasombro, todos olham estarrecidos com que vêem. O bicho pesava em média uns 2kg, era bem criado eu nunca tinha visto um gabiru daquele tamanho.
Depois deste ocorridos, começou uma discussão, como o gabiru ligava e desligava o engenho?