Mal Entendido

Minha avó Ana estava lá pelos oitenta anos, cansada da vida e também já andava um tanto quanto esclerosada. Morava com meu tio, homem de meia idade, simpático, bem de vida e sempre se deu bem com as mulheres.

Ela andava cismada com uma diarista que prestava seus serviços por dois ou três dias da semana na casa onde residiam. Desconfiava que a funcionária andava de olho grande no seu filho. Enciumada, não lhe agradava muito essa ideia, achava que a moça estava mesmo era interessada em seu dinheiro e o bem estar que ele poderia proporcionar-lhe.

Bem, na sala de visitas havia duas enormes e confortáveis poltronas antigas e que por serem antigas estavam precisando trocar os forros que andavam opacos, surrados, com as estampas amareladas e apagadas.

Orientado pela experiência de minha avó, meu tio mandou-as a um tapeceiro para fazer o devido conserto e restauração dos móveis.

Sancler era um menino de uns dois ou três anos mais ou menos, filho dos vizinhos da casa ao lado, vivia lá na casa de meu tio quase que o tempo todo atraído pelo carinho e guloseimas que minha avó lhe oferecia.

No dia em que as poltronas foram levadas ao tapeceiro, Sancler entrou na sala e deu falta dos móveis.

Na sua infantil curiosidade perguntou à minha avó:

- Cadê a “putona”?

Minha avó lhe respondeu:

- Hoje ela não veio trabalhar.

Pablo Vera Cruz
Enviado por Pablo Vera Cruz em 29/07/2015
Reeditado em 09/09/2015
Código do texto: T5327845
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