O CAIPIRA E O CELULAR MODERNO




Cavanhaque embora sendo um caipira, é um homem bem informado, pode se disser até mesmo, seja um caboclo politizado, que não esconde seu interesse pelos acontecimentos do dia a dia, seja na comunidade onde vive ou em qualquer outra parte do mundo.
É bem humorado trabalhador e eficiente no serviço, seja no curral, carpindo roça, ou em qualquer outra tarefa da área rural que encontra pela frente. Como diz o ditado popular, com ele não tem tempo ruim, é pau para toda obra.
Já o citei em outras oportunidades, inclusive uma, quando ele tentou derrubar as pestanas do patrão, lhe preparando uma galinha choca ao molho pardo, por ocasião de um jogo de baralho que habitualmente o patrão e alguns colegas varavam noites se divertindo no carteado tomado umas, e outras, e comendo galinhas caipira, preparadas por sua esposa.
Baseados no mito que diz; que comer galinha choca faz cair às pestanas, ele mandou a sua mulher prepará-la, ficando na expectativa esperando o resultado.
--Toda vez que o patão chegava sô, eu batia o zóio nele, mais o trem num caiu foi nada.
Cavanhaque é daqueles cuja fala é divertida por natureza, sua prosa tem um toque de humor, não há quem não goste do seu jeito caboclo de prosear. Certa vez eu o contei que numa cirurgia a qual eu fui submetido, meu coração estivera cento dez minutos fora do peito, com o sangue sedo bombeado por um aparelho eletrônico. Ele logo retrucou:
-- Hicha, cê já pensou se acabasse a energia ocê tava era ferrado, do jeito quessa CEMIG é ua porcaria!
Ha pouco ele chegou rindo e me contando sua nova aventura com aquisição de um celular moderno:
--Sô ieu inventou comprá um telefone cum tal vape fape, mais ôh trem danado sô, tô pelejano mode aprendê mechê cum tal de vape fape, o trem custoso pra daná a gente pra funcioná o bicho é ua luta. Cê passa o dedo nele aparece ua coizera. Esturdía i eu apertei um Butão errado ele abriu a cunversá, e num calava a boca mais era de jeito ninhum, danei daqui Dalí apertano tudo quera Butão, e o trem foi ficano cada veiz pió. Num calava a boca de jeito minhum, o dia itero naquela falação, ieu pensei e agora o que ieu faço o trem num cala isso num vai nem deixá ieu drumi. Dês jeito ieu tô e ferrado quesse trem. Despejei café quente nele num adianto, ele começô a gaguejá mais cuntinuô falano, O recurso foi ieu Soca ele dentro do tanque d’água das vacas, falei quele ai ó papudo cala ô num cala. Agora num ta é quereno ligá mais, enxuguei ele, ma parece que num diantô nada, num vai prestá mais não!

 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 31/07/2015
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