A Rapariga
(Causo popular)
Matuto nunca tinha ido à cidade.
Depois de passear bastante, avistou as bancas e foi curiar.
Em meio a lamparinas, pentes e miçangas ele viu um espelho:
"Retrato do meu pai!"
Botou o espelho no bolso, pagou e saiu. Ao chegar em casa, guardou no fundo da mala. Todos os dias ia lá, se olhava,
"Retrato do meu pai!" - e guardava o espelho de novo.
A mulher, desconfiada dessas avistações do marido àquele quadradinho emoldurado, foi queixar-se à mãe:
"Mamãe, o fulano tá me traindo. Todo dia antes de sair pra roça ele olha o retrato da rapariga e tranca de volta na mala."
"Pois dê um jeito de abrir a mala mode nós ver quem é a quenga!", disse a sogra, molhando um capucho de algodão em Seiva de Alfazema da Phebo para colocar em cima do caco de dente que doía há dias.
Na calada da noite a mulher, aproveitando-se do fato de o amarelinho ter chegado bêbado, roubou a chave do seu bolso e abriu a mala, pegou o espelho e correu para o quarto da mãe, tremendo de raiva e curiosidade, vai que a rapariga era bonita!
Entramelaram a porta e ela finalmente decidiu-se a olhar o "retrato".
"Mamãe, mas que rapariga fêa o fulano arrumou! Espia! Descabelada, boca de cu, chêa de pé de galinha nos canto do zói!"
"Xeu ver!" - disse a anciã, tomando o espelho das mãos da filha;
"E É VÉA!"
(Causo popular)
Matuto nunca tinha ido à cidade.
Depois de passear bastante, avistou as bancas e foi curiar.
Em meio a lamparinas, pentes e miçangas ele viu um espelho:
"Retrato do meu pai!"
Botou o espelho no bolso, pagou e saiu. Ao chegar em casa, guardou no fundo da mala. Todos os dias ia lá, se olhava,
"Retrato do meu pai!" - e guardava o espelho de novo.
A mulher, desconfiada dessas avistações do marido àquele quadradinho emoldurado, foi queixar-se à mãe:
"Mamãe, o fulano tá me traindo. Todo dia antes de sair pra roça ele olha o retrato da rapariga e tranca de volta na mala."
"Pois dê um jeito de abrir a mala mode nós ver quem é a quenga!", disse a sogra, molhando um capucho de algodão em Seiva de Alfazema da Phebo para colocar em cima do caco de dente que doía há dias.
Na calada da noite a mulher, aproveitando-se do fato de o amarelinho ter chegado bêbado, roubou a chave do seu bolso e abriu a mala, pegou o espelho e correu para o quarto da mãe, tremendo de raiva e curiosidade, vai que a rapariga era bonita!
Entramelaram a porta e ela finalmente decidiu-se a olhar o "retrato".
"Mamãe, mas que rapariga fêa o fulano arrumou! Espia! Descabelada, boca de cu, chêa de pé de galinha nos canto do zói!"
"Xeu ver!" - disse a anciã, tomando o espelho das mãos da filha;
"E É VÉA!"