A conferência:

Era a conferência da faculdade. Todos os mais renomados professores da instituição estavam presentes, se esperava que houvesse um silêncio geral. A temática corria muito fortemente, os homens comunicavam os resultados de suas peripécias políticas e comemoravam os acertos, muito havia para ser conquistado. No alto do palco poder-se-ia ler o lema da tribo, o epíteto da uniformidade do pensamento, o ápice da enganação, a voz da idiotice. Quem seria o ser que teria coragem de enfrentar tudo aquilo? Quem seria corajoso o suficiente para combater toda aquela uniformização do pensamento? A conferência corria solta os homens debatiam todos os temas, e todas as vozes podiam ser ouvidas, ao menos este era o discurso geral:

— — Com licença manifestantes, mas há algo que necessito falar! — — Era o apelo da democracia que se iniciava. Mas hoje, certamente, tal apelo não poderia ser ouvido pois já havia sido renomeado. Era moda dar as coisas nomes que não podiam ter outro significado. O mundo era formado pelo idioma, e por ele compreendemos o mundo, então se for do jeito que foi dito, deve-se modificar a linguagem e hoje democracia já significava outra coisa.

— — Pois não , meu camarada, diga! — — Ele subiu ao palco com ares de quem subia ao tribunal para ser julgado. Bem sabia ele que naqueles tempos seu discurso seria entendido como Galileu proferindo a sentença de um novo sistema Cosmológico, e a terra girava em torno do sol mas ali todo queriam que o sol girasse em torno da terra. Subiu devagar como se para prolongar sua sentença de morte. Suava frio por pensar que ali já desenhara o fim de sua reputação. Suas pernas tremiam, seu copo cambaleava, suas mãos congelavam. O homem já estava até esquecendo-se de suas palavras. Quanta tristeza em únicos passos que poderiam ser dados. Morreu como se quisesse que seu julgamento não fosse silenciado. Desistiu antes de ser morto pela coletividade…

Eric Deller
Enviado por Eric Deller em 15/08/2016
Código do texto: T5728811
Classificação de conteúdo: seguro