CELESTINO - O Garanhão


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Celestino era um cabra arretado, que se achava um tipo 'bão por dimais di hômi', quando avistava uma moça bem apanhada, ia logo se achegando, com aquele palavrório...
- Tarde dona, cê é novim nu lugarr?
- Se a dona desejá posso inté lhe ademonstrá as redondeza
- Sou Celestino, seu criado

Se a moça não o conhecesse, logo iria cair em sua esparrela. Celestino dava o seu bote e roubava um beijo, mas, depois saia espalhando pro povo, que tinha feito e acontecido com moça, era um mentiroso contumaz, sempre lhe diziam que um dia ele iria se dar mal.

Na última investida Celestino se lascou, a moça era esperta e resolveu dar o troco, combinou uma armadilha com algumas delas, para pegar Celestino.
Numa tardinha de sábado morna, todo mundo na praça, e a moça que se chamava Catarina, aparece e vai se aproximando de Celestino, dizendo pra todo mundo ouvir
- Isso é que é homem! Faz valer o amor de uma mulher, no namoro dá no couro, pra mais de três numa topada só

- Celestino, não estava entendendo nada, mas, estava gostando da situação, se sentindo um garanhão. Na mesma praça, outra moça vai tomar satisfação com os dois, dizendo
- Então é com essa sirigaita, que você anda se relando, me deixou na cama estirada, depois de uma noite inteira de amor, sem parar e desatou num choro triste de dar dó. E a coisa não parou por aí, veio uma mulher bonita mais madura, mas, com voz de macho, com trejeitos esquisitos falando e gesticulando alto, jogando os longos cabelos
-Ah! É assim, seu safado, me deixa jogada na cama toda estropiada, depois de me amar por horas e horas, você me deixa louca de desejo e depois me troca, por essas lambisgoias! Você não se cansa nunca, pega tudo que aparece a sua frente.

Celestino, já estava até sem graça, não podia desmentir as histórias, pois se entregaria e todos saberiam que estava mentindo, mas, a gota d'água, veio em seguida, Dona Delina, uma beata solteirona, já de meia idade, chega com um guarda chuva e senta uma surra num Celestino, pasmo e sem saída, Dona Celina batia e gritava, gritinho miúdo
- E ocê dizia que eu era a única, cachorro! Mentiroso! Acaba co'eu todos dia asdipois da missa das sete e agora aqui na praça, tá chuvendo muié, ocê num vali nada!
Com essa, o pároco da cidade, que passava por ali,  se revoltou, pegou Celestino pela orelha e saiu arrastando ele, avisando que a penitência seria pesada. Esperava que todo  mundo, fosse se confessar mais tarde.

Na praça as mulheres e o amigo de Catarina,, que se travestiu para enganar Celestino, se abraçavam rindo boas gargalhadas, estavam bem combinadas, depois explicariam ao pároco o motivo nobre de tudo aquilo. Celestino fez por merecer a lição, agora todo mundo por ali sabia a boa bisca que ele era.

Eu quase não acreditei nessa estória, mas, como quem me contou foi uma santa beata, muito velhinha e simpática, da Paróquia da Cruz Divina, lá no interior de Goiás, que entre uma limonada e outra, um naco de empadão e outro, me contou essa estória deliciosa.



Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 10 de setsmbro de 2016.




 
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 10/09/2016
Reeditado em 26/09/2016
Código do texto: T5756210
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