O Que ê do homem o bicho não come ....

Aproximava rapidamente o final de século, uma época que muitos costumes mudavam a vida de toda a sociedade Brasileira, Era o mês de dezembro e a passagem do ano de 1830, para o ano de 1831, onde muitos latifundiários da época passavam por uma crise jamais vivida antes na história dos ricos fazendeiros daquele tempo. Fazia pouco mais de sete anos da abolição da escravidão no Brasil e os ricos senhores ainda se adaptavam com as novas regras. Muitos haviam sido presos por não respeitarem as novas leis, se recusavam a libertar seus escravos e muitas vezes eram até presos e se viam obrigados a pagar altas multas a coroa por tal desobediência e isso fez com que muitos se endividassem a ponto de começarem a perder ou colocar em risco todos seus bens. Mas em meio a todo aquela crise, viviam três jovens rapazes, vizinhos que eram filhos de coronéis poderosos e insuportavelmente arrogantes, o que era costume da época, maltratavam os menos favorecidos, eram soberbos, não aceitavam a abolição e viviam questionando as autoridades. Consideravam uma irresponsabilidade da Princesa e que tal atitude que estavam levando a todos para a miséria. Os Coronéis não gostavam se misturar com os menos favorecidos e para piorar o quadro, estavam sempre em conflito com os filhos, que eram totalmente o contrário deles. Os rapazes eram grandes e inseparáveis amigos, gostavam de ajudar a todos, eram generosos, caridosos e verdadeiros abolicionistas, apoiavam incondicionalmente as novas regras adotadas. Cresceram juntos, estudaram juntos, faziam festas e as arruaças comuns para a época, frequentadores assíduos de casas de danças e farras com muita bebidas, mulheres e gastança de dinheiro. Ao atingirem certa idade, seus pais julgaram que era melhor envia-los para a cidade grande onde estudaram adquiram conhecimentos e se formaram, todos se tornaram doutores em leis (advogados), isso muito orgulhou os pais que fizeram uma festa muito grande para a chegada dos filhos. Como a data era próximo aos festejos natalinos e de passagem de ano, o lugarejo viveu dias inesquecíveis de festas. Assim que a vida toma sua rotina, já no final de janeiro de 1831, um dos coronéis falece subitamente passando tudo para seu filho e único herdeiro. Foi um momento triste para a elite bem como para os três amigos. O restante da população não se importou muito pois não tinham sentimentos pelo velho Coronel. Por motivos diversos, os outros dois Coronéis também faleceram e no final daquele ano de 1831, os três jovens eram os novos coroneizinhos do lugar. A vida ali começou a melhorar para os moradores, pois os atuais mandatários não eram tão exigentes quantos seus antepassados. Passado mais algum tempo, os jovens amigos, já se tornaram senhores responsáveis e respeitados por todos. O que eles não sabiam ë que um dos amigos estava atolado em dívidas deixadas pelo seu velho pai. Enquanto os outros dois prosperavam, o terceiro estava a cada dia perdendo seu patrimônio. Até que um dia, se ver outra saída, o amigo engoliu seu orgulho e procurou os outros dois e expos toda a situação e ofereceu sua fazenda para os dois, pela metade do preço de mercado, pois não aguentava mais as dívidas. Os dois amigos conversaram entre si, chegaram à conclusão de que era um grande negócio e que os dois lucrariam muito com tal negociata e resolveram comprar. O Amigo endividado, pagou todas suas dívidas e muito envergonhado foi embora do lugar e nunca mais se ouviu falar dele. Os outros dois ficaram ainda mais ricos e prósperos. Ao passar mais uns dez anos ambos ficaram viúvos e sem filhos. Muitas pessoas dizem que ficaram velhinhos até morrerem em total esquecimento. Como não tinham herdeiros e nem testamento, as terras ficaram dessoladas, abandonadas e também foram esquecidas. Passado mais uns setenta anos, já no novo século, onde a maioria das pessoas daquele tempo já haviam falecido, e não chegaram a conhecer a história dos três coronelzinhos, chegou no lugar um jovem explorador que se apossou daquela imensidão de terras. Este se tornou muito rico e querido por todos do lugar. Era bondoso, generoso e gostava de ajudar, deu emprego para muitos do lugar. Por sua bondade ele nunca foi questionado sobre suas posses e ninguém nunca reclamou nada referente as terras. Se passaram mais algumas décadas todos vivendo muito felizes. O Jovem explorador, agora já um senhor idoso e já cheio de descendentes, teve uma grande surpresa. Uma de suas netas formadas em arqueologia, ao fazer um minucioso apanhado de sua arvore genealógica, veio a descobrir que seu avô era neto daquele jovem que havia ficado endividado e saiu do lugar muito envergonhado. Agora aquilo que seu antepassado foi obrigado a quase dar de graça, recuperou triplamente. Enquanto que seus velhos amigos que o poderiam ter ajudado, de uma forma mais generosa, quiseram se aproveitar e se sentiram melhor em lucrar com a ruína do amigo, acabaram simplesmente por acabar sem que ninguém se quer lembrasse de sua passagem por este mundo.

E VOCÊ COMO AJUDARIA SEU AMIGO, SE ELE PRECISASSE DE VOCÊ ...

WL Pimenta
Enviado por WL Pimenta em 07/12/2016
Código do texto: T5846462
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