O Sonho de Juvenal

Juvenal, caboclo sacudido, roceiro das mãos calejadas de tanto trabalhar, morava com esposa e dois filhos em seu sítio no interior de S P. Toda terra era cultivada, quadras de milho que dobravam o espigão, colhia um pouco de tudo, plantava tomate, arroz e feijão, chuva não faltava, chovia até de mais. Certo dia conversando com Juvenal contou-me um fato curioso: Contou-me que sofria muito na época do verão, não gostava do calor, fugia do sol escaldante sempre que podia. Na roça após o almoço costumava deitar-se na sombra de uma árvore e esperava o sol baixar. Certa vez, deitado de barriga para cima, observando as nuvens la no céu via muitas nuvens grossas e escuras carregadas de chuva, então olhando para elas fez um pedido do fundo do coração- Óh nuvem abençoada, desvia teu rumo e vai pro sertão atender aquele povo sofrido, que já não aguenta mais tanta seca, estão perdendo as plantas, o gado morrendo de sede, tenha piedade, vai atenda meu pedido, vai logo que estão desesperados te esperando, te esperando, esperando e passou para um sono profundo. Dormiu tanto que em seu sono ouvia uma vóz distante que dizia, não posso ir sozinha, não consigo, não tenho forças, não vê que sou tão pesada? preciso de ajuda e a voz foi sumindo, sumindo no espaço.Em seus ouvidos ficavam somente o éco daquele pedido. Era a nuvem de chuva que respondia, desesperado comecei a chamar pelo vento, gritava, vento, vento cadê você, apareça urgente, cadê você , não é que o vento apareceu! Passava por mim fortes rajadas, uma após a outra e eu lhe ordenava, gritava com elas. Estão vendo aquelas nuvens lá no céu, precisam fazer uma longa viagem, precisam ser carregadas para que cheguem até o sertão onde não chove há muito tempo. Então para minha alegria a corrente de vento mudou de direção, fizeram meia volta, uniram-se ganhando forças e iniciaram sua longa viagem levando a nuvem. Em meu sonho eu estava la e presenciava sua chegada ,foi muita emoção, via nitidamente aquele povo sofrido, corriam para o terreiro onde a chuva batia e levantava poeira do chão, era o povo todo em festa, de alegria até choravam, tiravam o chapéu, agradeciam levantando as mãos para o céu e gritavam: Obrigado Senhor Deus por mandar chuva aqui pro sertão, vai ser grande a colheita, não morre mais a criação. De repente escureceu, o tempo fechou e com um forte trovão acordei, num só pulo levantei, vai vir chuva aqui de novo, mas, mas, mas tudo parecia tão real, coitado daquele povo...
João Luis de Oliveira
Enviado por João Luis de Oliveira em 23/01/2017
Reeditado em 06/02/2018
Código do texto: T5890767
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