Sargento Salomão - Sujeito singular
O texto a seguir não é um primor em termos gramaticais, nem poderia, pelo propósito e pela forma como foi escrito. Porém, é uma composição interessante, no sentido em que demonstra como a Língua Portuguesa permite que, usando apenas palavras iniciadas com a mesma letra, se consiga escrever um texto longo, minimamente inteligível e coerente.
Sargento Salomão – Sujeito singular
Sou Salomão Silvério Soares Salgado, sexagenário, solteiro, sertanejo, Segundo-Sargento, subsecretário seccional salgueirense.
Soldado subalterno, sigo submisso severos superiores. Soberbos sacanas, sistematicamente sancionando sentenças sem sentido.
Subordinadamente, subia silente, semanalmente, sessenta serras sertanejas, semeando seiscentas sementes selecionadas, sem sequer saber se seriam sãs, suando sobejamente.
Sentindo suspeita satisfação, sobrevivi setenta semanas semeando sozinho. Sempre sóbrio, sereno, saudando simpáticos silvícolas sentados sobre soberbas sombras.
Sou simples, sincero, sensível, sisudo. Sorrio somente se souberem satisfazer sentimentos sublimes. Sendo sentimental, sinto saudade, sofro solitário, sem sequer sussurrar sutilezas. Se solicitarem sugestões sou sempre solidário.
Sacrifiquei sonhos, saboreei sucessos, sonhando sobretudo satisfazer singelas singularidades.
Sagaz, sutilmente submergi submundos, sabendo sérios segredos, sórdidos, sombrios.
Se sacaneiam, sou sádico. Sem subterfúgios simulo sorrateiramente situações sinistras. Só sossego se subjugar salafrários sem senso social.
Sem soberba, sou suficientemente sábio. Sei solucionar situações surpreendentes. Seguramente seria supervisor. Sugeri sem sucesso suceder superior suicida sepultado sigilosamente. Sou suspeito, senão seria selecionado.
Supervisionaria sucursais, simplificando salas suntuosas, subdividindo setores, selecionando servidores, sabatinando secretários, surpreendendo sentinelas, substituindo sistemas supérfluos, sofisticando senhas sigilosas, saldando soldos. Sobre saúde, serviria suco sem sódio, saladas suculentas, sobremesas saudáveis.
Sonhava ser sacerdote. Sacristia, sinos, sacrário, são símbolos sagrados. Seria santificado sem sacrifícios supremos.
Sinceramente, se ser sonso significa ser santo, serei satanizado sumariamente. Sempre surgem sacripantas servis, sugerindo solenemente suplicarmos sermões sacerdotais. Sou sincero, saio silenciosamente sem sobreaviso. Simplesmente sumo.
Serei subversivo? Sacrílego? Se sim, satanás saltitará satisfeito. Serei sepultado sem sagração.
Sábado senti súbita sonolência. Saciei sede sem sofreguidão, sentei sossegado, suspirei suavemente, semblante suave, sucumbi.
Sonhando sonhos sepulcrais, semiconsciente, sonambulamente saltei sobre sofás. Supercílio sangrando, solicitei socorro. SAMU surgiu simultaneamente. Sem sonífero, simpática senhorita suturou sangramento.
Secretamente solicitei seus serviços sentimentais. Sorridente, serenamente sussurrou:
– Seja sensato senhor Salomão, saiba separar sentimentos. Seria senil se satisfizesse sua solicitação.
Saiu solenemente soletrando sílabas:
– Sa-ú-de, sar-gen-to!