Espardalhaço

João, Todos os dias, a mesma rotina, levantar muito cedo e sair para o trabalho, mas agora com grande orgulho e alegria, pois havia realizado um grande sonho, conseguiu através de uma troca (catira) sua tão sonhada bicicleta monark barra circular, usada, deu seu rádio e voltou três parcelas de 80,00, agora saia de casa todo orgulhoso para o trabalho, diante do olhar admirado da sua esposa e de seu filho que pela primeira vez ia a escola. Estava radiante, pois tinha dois motivos a comemorar, o início da vida escolar do filho e o pagamento final de sua bicicleta. Tomou seu café, com a metade de um pãozinho, o filho também tomava seu café da manhã, todo entusiasmado por ir a aula pela primeira vez. Saíram juntos, ele empurrando a bicicleta ao lado esposa e filho de mãos dadas rumo a escola. Na esquina se separaram aí ele montou na bicicleta e se foi avenida abaixo em direção ao centro da cidade, onde trabalhava, varrendo as calcadas, passeio, ajudava descarregar alguma carga, fazia pequenas entregas, vigiava parte externa as lojas, ajudava fregueses em suas compras, uma espécie de faz tudo. De frente ao local de trabalho de João, tinha uma grande empresa, o dono, um senhor também chamado João, mais ou menos da mesma idade de nosso personagem, porém era rude, não dava oportunidade para ninguém se aproximar. Certo dia, o caminho desses dois homens se cruzam de uma maneira inusitada, ao cancelar uma reunião, o João rico desce de seu escritório e sai no passeio do prédio para esperar o motorista que já estava chegando, porém na pressa, quando o saiu no passeio, eis que acontece do João pobre esta saindo na bicicleta e o atropela. Foi uma grande confusão, uma correria, gente gritando, chama a polícia, o Samu, chama uma ambulância, pega o bandido, onde estão os seguranças do Dr. João. Enquanto isso ninguém olhava para o outro João, nem se quer, perguntaram se ele havia se machucado, se estava tudo bem. Nesse momento o Dr. João, levantou-se percebeu que não havia se machucado, andou até seu “xará”pobre, pegou em sua mão, ajudou-o a se levantar, perguntou se estava tudo bem e pediu-lhe desculpas. Nisso foi chegando, policia, ambulância, seguranças, Samu. O local ficou parecendo um campo de guerra, de assalto a banco, quarteirões fechados, pois falaram para a polícia que era tentativa de sequestro de um poderoso executivo. Nessas alturas ninguém mais falava a mesma coisa, todos destorciam o caso contando um para outro e ninguém percebeu a falta dos dois João(s), que saíram dali e ficaram sentados em uma mesinha na lanchonete de frente ao local, observando, conversando e até achando graça de tanto “espardalhaço” que as pessoas aprontam quando acontece algo com uma pessoa rica.

WL Pimenta
Enviado por WL Pimenta em 30/03/2017
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