O SONHO DE UM CORONEL  MACHISTA 3º EPISÓDIO

E agora coroné que nome vai dar pra sua fia? Indagou Inhá Chica querendo espichar a prosa para amenizar o clima.
--Se tivesse sido home ia chamar Miguel Arcanjo, como nasceu muié pode cê Miguelina dos Anjos-, cê acha qui ta bão assim Maricota?
-- Como ocê quizé, pra mim ta bão Tiburcio!
-- Intão é Miguelina dos Anjos memo! E vamo a chama só de Dusanjo que é mode ta sempre vigiada pur eles.
Maricota gostou tanto da fala do coronel que convidou a se sentar ao seu lado, o abraçou exclamando:
--Brigado Tiburcio! Miguelina vai cê cum certeza pessoa boa e de atitude iguar a vosmicê!
A menina crescia saudável, alimentada com o leite da mimosa. Sua mãe era de pouco leite e não satisfazia seu apetite. Segundo Inhá Chica esse fator foi causado pela depressão sofrida por não ter realizado o sonho do coronel, lhe dando um filho homem. Conforme a sua expectativa em satisfazê-lo.
Mas Dusanjo parecia super dotada e antes de completar um ano já falava pelos cotovelos dizia coisas que deixavam a todos boquiabertos com as suas expressões. Um detalhe curioso os intrigava. A afinidade entre ela, a vaca mimosa e sua cria o bezerro que mais tarde recebeu o nome de pretête, nome esse escolhido pela Dusanjo
Na medida em que a menina crescia acariciada pela mãe,  sofria com a indiferença do pai que não a maltratava, mas jamais a mimava. A afetividade com a vaca mimosa aumentava. Aos dois anos de idade ela muito ativa Corria e brincava pelos arredores da casa, a vaca mimosa que a essa altura já tinha outra cria, sempre que a via encarapitada na cerca do curral, vinha até ela acariciá-la lambendo seus pezinhos e ela adorava, enfiava a mãozinha em sua boca, puxava sua língua, suas orelhas, Maricota preocupada corria a socorrê-la. Mas assim que a libertava ela corria ao encontro da mimosa novamente. Se ela chorava por qualquer motivo a vaca muito ciumenta da cria se manifestava La no curral ou onde estivesse pasto afora e corria a lamber seu bezerro. Miguelina crescia rebelde parecia um filhotinho de onça. Tudo teria que ser do seu jeito, se a contrariavam ela virava uma fera e corria a para o curral a procurar de mimosa ou sua cria.
O coronel obcecado por um filho homem, não deva o devido carinho que a filha desejava e merecia. Mas no fundo, tinha bom coração e fazia questão que nada lhe faltasse, contratou um mestre escola, para lhe ensinar a ler e escrever. Ela correspondeu a sua atitude e aprendeu com facilidade, em pouco tempo sabia tudo,  sua linguagem fazia inveja a todos que dela se aproximavam.
Aos quatorze anos de idade já tinha corpo de mulher montava em burro bravo, cavalgava para todos os lados, ordenhava as vacas, laçava melhor que qualquer um dos peões da fazenda.
O bezerro da vaca mimosa, que nasceu no mesmo dia que o seu, cresceu e transformou num belo touro, rebelde igualzinho a ela. Quando percebia uma vaca no cio, nas redondezas pela vizinhança, nada o segurava saltava os vales e todo o tapume ia estar com ela. Espalhou crias em todas as propriedades por onde andou. Fato que o transformou em o terror da região, causando intriga entre o coronel Tiburcio e seus vizinhos o que lhe rendeu vários desafetos. Coronel Certorio o mais cruel de todos cujo objetivo era adquirir as terras de seus confrontantes, nem que fosse pela lei do cão. Viu nessa pendenga uma boa oportunidade para aperrear Tiburcio e tentá-lo a vender-lhe  sua fazenda. Jurou de morte o touro de seu rival. Deu ordem a seu capataz, Barba Ruiva um homem mal encarado, temido e sanguinário, com muitas mortes nas costas. Que na primeira oportunidade , quando o boi pretête cruzasse sua divisa o capturasse e enviasse um mensageiro ao Tiburcio, exigindo que ele viesse pessoalmente buscá-lo!
















 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 11/07/2017
Reeditado em 11/07/2017
Código do texto: T6051372
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