Pedaço de Chão de Céu é esse Meu Lugar!

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Certa ocasião pensei:
-Vou sair daqui a conhecer outros lugares mais distantes, mais modernos e por serem mais modernos, mais evoluídos, mais, mais,..., mais,... .
Aqui neste lugar pequeno, com costumes antigos, condizentes com a vida pacata naquele lugar. Lugar com menos pessoas, menos atrativos, menos e menos, muitos menos, isso pensava eu que todos aqueles menos nunca me fariam falta, ledo engano e todos verão o por quê disso! Então fui! Peguei 1º um ônibus, depois um trem, um avião (por sinal a 1ª vez que fazia aquilo), e por fim me dei ao luxo de pegar um confortável táxi, um daquele de filme grã-fino.
Saí ao encontro daquele mundo imaginado, aprazível, no que descobri rapidinho, infelizmente ser imaginário também. Queria ir, ninguém me forçou e aí eu fui! Que arrependimento! Mas repito, já vou dizer por quê. Sabia onde estava, soube bem como chegar, até um hotel de várias estrelas já tinha reservado! Tudo pela ...Net! Tudo sem sair de minha casa, da casa daquele lugarzinho (deu até vontade de chorar de raiva de mim mesmo ao lembrar o desdém com que tratei aquele pedaço de Céu, o meu lugar). Inegável contestar, lugar bonito, sim! Moderno e glamoroso sem dúvidas. Só que era gente pra lá e pra cá o tempo todo que se esbarravam e nem viam uns passarem pelos outros; com uma pressa medonha de chegar num lugar, que eu sabia onde, mas parece que eles não... . Eu, achando que havia escolhido uma “BECA” bem bonita, compatível com a cidade grande, me estrepei, pois mais parecia um caipira, no máximo bem arrumadinho. Eles não, todos bem vestidos apesar de trajarem umas esquisitices, parecendo de outro planeta, até eu via que era coisa chique. ...E de outro planeta mesmo era eu, o caipira que acabara de descobrir que havia caído do cavalo.
Eu com esse meu jeito de matuto amigo de todo mundo, inventei de sair a cumprimentar todos que passavam a frente. Nem preciso dizer o que aconteceu! Comecei a tagarelar e espalhar “Bom dias ou Boa tardes”, ah! Nem lembro se era de manhã ou de tarde, mas também de nada adiantaria lembrar já que nem ao menos um som parecido com um “Bom sabe lá o quê” de reverberação recebi de volta. Pra ser honesto um mendigo vendo o papel de trouxa que eu estava me prestando, vem e quer apertar minhas mãos, retribuindo o carinho me senti mais acolhido por aquele sujeito do que por aquele batalhão que passara a minha frente. Fiquei feito um ‘2 de paus’ no meio da rua. Com os demais, mais e mais eu falava como se falasse com os postes ou árvores, esta 2ª ao menos é confortável e bem intima, pois o que mais vi na minha vida foram belezas da natureza. Falar em natureza, me fez enxergar a besteira que havia feito, chorei muito nessa hora e por isso não contei mais tempo. Esperei o dia amanhecer, peguei o mesmo taxi, o mesmo avião, o mesmo trem e o mesmo ônibus de volta para o interior, de volta para a minha cidade, para minha casa. Linda e moderna com WIFI instalado e o principal com gente de verdade que antes de eu pensar em abrir a minha boca, já vêm com um aperto de mãos cheio de dedos, abraços calorosos e sempre, sempre perguntando como vão passando o compadre e a comadre (meu pai e minha mãe).
Quando bem perto de casa percebi um silêncio exagerado, na verdade mentiroso, pois se eu não conhecesse a minha “trupilha” até estranharia. Ah! Ia esquecendo nem um gemido da minha cachorrinha maluquinha, isso já era demais. Com a porta já aberta entrei disfarcei que não vi vários pés por baixo da cortina, o armário mexendo-se sozinho e quatro patinhas debaixo da longa mesa (estava quieta só por causa de um pote cheio de comida boa), comum neste adorável lugar. É adorável mesmo e daquele dia em diante decidi e jurei só sair dali depois que morrer.
Como a vida por aqui é muito mais saudável e agradável isso iria demorar uns 200 anos mais ou menos. Portanto meus amigos valorizem seu “lugarzinho”, lutem com a força que restar para que assim ele permaneça:

- UM PEDAÇO DE CHÃO DE CÉU!!