Rosa azul

Rosa azul

O ano era 1977, era mês de Abril e eu ainda tinha 17 anos, fui à praia com amigas, praia 31 de março na praia do futuro, bem próximo ao clube do médico. Era sucesso total! Já vínhamos voltando para casa e um rapaz, muito bonito, em um Chevette branco me observava, me fez sinal para ir até a ele, ri...jamais faria isso! Se quisesse falar comigo teria de ir até a mim. Claro que eu estava sem óculos. Conversamos alguns minutos, pediu meu telefone e eu dei, perguntou o que eu iria fazer a tarde e eu disse: vou ao cinema com minhas amigas no cine São Luiz. Nós despedimos e pronto. Minhas amigas estavam empilhadas pela beleza do rapaz.

Quando chegamos no Cine São Luiz, lá estava o Chevette branco bem em frente, nessa época a rua era aberta, depois fecharam e a calçada do cinema se misturou a praça. Sim, lá estava ele dentro do carro me aguardando. Fiquei nervosa! Ele desceu e veio falar comigo, me convidou para dar uma volta na beira mar e minhas amigas me disseram: vai, parece EU para você vai ser melhor que o cinema.

Fomos passear na beira mar, no final da beira mar, havia uma casa grande muito bonita com varanda ao redor dela e cheia de arcos e parapeitos, era um barzinho. Sentamos no parapeito da casa e ficamos conversando. Ao redor da casa havia rosas, e ali perto da gente havia umas florzinhas lindas, pequenas e azuis. Ele colheu algumas, fez um pequeno bouquet e me ofertou dizendo: quer ser minha namorada? E eu disse : sim. E, quem não queria com um gesto carinhoso desses? Durante todo o namoro me chamava de minha rosa azul.

Logo, foi me deixar em casa e marcou de ir a noite me namorar em casa. Era o primeiro namorado em fortaleza e eu não sabia bem se dissesse em casa, ou se simplesmente o recebesse e pronto. Optei pela segunda opção.

Eu morava na Rua Canuto de Aguiar onde hoje é o Coco Bambu, vizinho do lado direito era a Cláudia, a Ângela e a Silvana e do outro lado a Leila, Ireninha e Fernando filhos do Coronel Miranda.

Na minha casa tinha três varandas, uma na frente, e duas do lado. Papai gostava de ficar deitado numa rede na terceira varanda e se eu ficasse na outra varanda, ele iria ficar monitorando. Optei em ficar na varanda da frente, coloquei duas cadeiras, e ainda era estilo cadeira namoradeira, uma virada para um lado e a outra para o outro lado.

Na hora combinada a campainha tocou e fui atender, era o namorado. Sentamos ali e ficamos conversando banalidades, ele fazia a faculdade de engenharia elétrica e eu cursava o terceiro ano no colégio Cearense, ele tinha 23 anos e eu 17 anos.

O rosto dele era muito bonito, nariz perfeito! Feições finas, cabelo preto liso e muito bonito, não era muito alto, embora tivesse mais de 1, 70m eu tinha 1, 63 m. Tinha , mas não é que eu tenha crescido. Kkkkk tinha, porque diminui, estou na fase que a gente diminui um pouco...agora tenho 1,62m de altura.

Mas, eu não sabia direito o que fazer, o que dizer. Era o primeiro namorado em casa. Eu só havia namorado no Iguatu. Eu estava estreando em fortaleza. Logo, ele pediu água e com muita educação fui buscar.

O muro lá de casa era muito bonito e até moda na época, era meio muro embaixo e em cima e no meio umas colunas trabalhadas. Era lindo! Mas deixa ver tudo! Logo, a vizinha que já namorava há três anos nos chamou e ficamos conversando os quatro, eu e eles Ângela e Humberto.

No dia seguinte, pela manhã eu estava no gabinete estudando e um Chevette branco parou em frente lá em casa e buzinava e deixei o óculos em cima da mesa e sai para ver quem era.

Naquele momento chovia e a distância até a rua onde o carro estava era uma certa distancia, não dava para eu ver quem estava dentro. Afinal, eu usava cinco graus no olho direito e 4,5 no esquerdo. Sem óculos , eu não definida imagens.

Olhava o carro e a pessoa acenava e eu em dúvida se era o amigo do meu irmão que também tinha um Chevette branco ou se era o namorado. Chamei Maria, moça que trabalhava em minha casa e perguntei: quem está ali no carro? É o amigo do meu irmão ou o rapaz que veio aqui ontem a noite. E ela olhou e disse: é o amigo de seu irmão. E eu gritei: saiu. E ele se foi.

A noite no horário marcado, ele chegou todo bonito para namorar, sentamos na mesma varanda e ele logo perguntou: onde você foi hoje? E eu disse: não sai de casa hoje. Ele: mas, eu passei aqui pela manhã e sua irmã disse que você tinha saído. Dei uma baita gargalhada e depois disse: era eu, eu sou míope e não vi ser você. Como eu ri. Dois cegos namorando.

Ele também usava óculos, mas usava mesmo, um óculos lindo e muito charmoso.

Afinal, eu não era a única míope!

Como você olha para o namorado e diz que você mesma saiu? E ele ainda diz: sua irmã disse...kkkkk segundo dia de namoro e ele já sabia que eu era míope..

No terceiro dia de namoro ele chegou de calça comprida branca e antes de entrar pediu que eu prendesse o cachorro, porque pulava muito em cima dele. O que fiz na hora. Bem mais tarde ele pediu água e eu prontamente chamei Maria e pedi que levasse o copo de água. E, ele disse: é, é isso mesmo, no primeiro dia foi buscar a água bem solicita, no terceiro dia nem se levanta para ir buscar. E eu olhei lá para o outro lado, porque reclamação é coisa que não escuto mesmo! Então, ele tomou meio copo de água e o resto derramou em minhas costas.

Levantei e fui trocar de roupa, voltei e ele havia sumido e eu chamando, ele estava atrás de uma palmeira, levantava e mandava beijos e dizia: me desculpe! E eu dizia: mas é muito covarde mesmo tá é se escondendo? Ele correu e eu atrás. Soltei logo o cachorro que ia sujar a calça dele. E aquela carreira no jardim e mamãe disse: duas crianças namorando dá nisso!

Mas, tudo ficou bem!

Não sei ao certo quanto tempo se passou, dias depois, estávamos namorando e Ângela nos chamou na calçada, dessa vez era: Ângela e Humberto, Claudia e Cunha e eu e ele. A conversa ia animada, foi quando Cunha percebeu que um homem muito embriagado que estava numa birosca no outro quarteirão, foi no meio da rua fazer xixi. Exibia seu orgão ali, cambaleva de um lado a outro , mostrando seu estado de embriaguez. Cunha, mais que depressa entrou no carro e ligou a luz alta, iluminou o homem e Cunha saia um pouco do carro e gritava: vira para a direita e o homem exibido virava , Cunha saia do carro , só para poder gritar e disse: vira para a esquerda e o homem virava. Todo mundo ria. E eu pensava cadê o meu óculos? Era a única pessoa que presenciei o fato, mas não vi de fato a cena por completo. Após o homem virar para a esquerda, Cunha gritou: de frente! E o homem cambaleando ficou de frente, segurando os possuídos dele. E, Cunha gritou: agora pode guardar que isso aí não dá para nada não. O homem guardou e se foi. Quase morremos de tanto rir!

E, Cunha dizia: lá vou brigar com um bebo desses, se minha namorada quiser que olhe, não vou brigar com um sujeito bebo que faz questão de mostrar os possuídos.

Nunca esqueci essa cena!

Era muito divertido namorar lá fora! O Cunha, Humberto e meu namorado riram muito. E, eu Claudia e Ângela rimos demais! Lamentei estar sem óculos. A rigor não vi! Mas , ri demais .

Ora, se eu não via o rosto do namorado há poucos metros, iria ver um órgão genital de longe? Claro que não! Mas eu imaginando e vendo parcialmente a cena

Cunha, teve presença de espírito.

O meu namoro não durou muito, apenas quatro meses. E, terminou por causa de uma moça daí de Iguatu. Certo tarde de sábado minhas amigas estavam lá em casa, íamos sair para a beira mar, a volta da Jurema naquele tempo era o máximo! Tempos das calças cocotas e eu usava também. Vivi a melhor época de todas!

Aquela volta da Jurema era extraordinariamente bela! O por do sol era um show! Não havia nada por lá. A calçada nem era larga, uma calçada comum. Algumas mesas , pessoas vendendo caipirinha e todo mundo adorava ir a volta da Jurema!

Minha amiga Ana, um ano mais velha que eu , ganhou um carro nos dezoito anos dela, nossa liberdade de ir e vir. Uma Brasília que não era amarela, era azul. E nos levava a todo canto.

Estávamos lá em casa e Ana disse: olhando para o carro de papai: meu sonho é dirigir um Passat. E eu disse: dia bom para realizar sonhos...papai e mamãe viajando, peguei a chave do carro de papai e entreguei a ela. Saímos de Passat para a beira mar. Na senador Virgílio Távora com. Av Beira mar Ana parou o carro, esperando uma oportunidade de poder entrar na avenida, acontece que o carro que estava ali passando era um Chevette branco e o namorado ao me ver jogou o óculos no console do carro. E, todas as minhas amigas disseram: ah! , Foi constrangedor! Pedi que Ana passasse dele, fomos a frente e ele buzina do atrás pedia que parássemos. e eu não deixava Ana parar. Uma moçinha de dentro do carro dele gritava: Celinha, sou fulana de Iguatu irmã de Cicrana. E eu nem dava bolas. Andamos toda a beira mar desse jeito, ela gritando e uma altura dessa: o ex-namorado buzinando. Somente no final da beira mar ao dobrar, deixei Ana parar.

E ele se aproximou do nosso carro e disse: oi, minha rosa azul. E eu . Calada. Ele disse: e hoje a noite? E eu disse: hoje tem noite? E ele insistiu. E eu disse que ia para a casa de Ana. E fomos.

Ele foi para lá e estava de blusa branca e com uma marca enorme de batom na camisa. Já viu né? E ele dizia: foi a mamãe. Insistia nisso e pediu para ligar para a mãe dele.

Na casa de Ana havia um cachorro pastor alemão enorme, e ele já estava solto. Quando ele insistiu em ligar para a mãe dele concordei e o deixei entrar. Mas o cachorro deu uma carreira nele enorme.... Subiu em cima de uma cadeira e pedia socorro. A mãe de Ana foi salvá-lo.

Foi uma vigançinha de nada! Pelo ao menos descobri que ele corria bem! Mas, eu disse que nem lembrei do cachorro.

O namoro continuou , mas um amigo da minha vizinha Leila, ligava para a Leila e perguntava: tem um Chevette branco de frente a sua vizinha? E Leila ia olhar e dizia não. Em poucos minutos ele chegava, primeiro pegava a Leila e iam lá para a minha casa, mal chegavam é um Chevette branco . Todo dia ele fazia isso. O amigo da Leila dizia: esse rapaz sente meu cheiro. Mas, na verdade, meu namorado ia de manhã, de tarde e de noite lá em casa. Eu estudava a noite no Cearense, ele fazia questão de ir me deixar e buscar.

No dia do meu aniversário de 18 anos, o amigo da Leila, para mostrar que podia, alugou uma noite para comemorar meu aniversário. Todo mundo foi para a festa menos eu. Mamãe não me deixou ir! Certíssima! Eu tinha namorado.

Mas, eu estava fazendo dezoito anos, fiquei chateada de não ir a festa. E, o namorado chegou lá em casa com um bouquet enorme de rosas. Fiquei encantada...nunca tinha ganho rosas. Que coisa maravilhosa era ganhar rosas.

Mas, o amigo da Leila insistia em me paquerar. Um dia depois do meu aniversário, vi uma faixa na calçada em frente lá em casa, virada lá para casa dizendo: Princesa te quero muito! Apesar da tua mãe!

Ri muito! Claro que eu sabia quem era...kkkkk

No final das contas, uns dias após, eu estava em dúvida, porque esse Carlinhos amigo das minhas amigas e vizinhas marcava colado mesmo. Mônica,me sugeriu pedir um tempo ao namorado. Quando ele foi me pegar no colégio, eu disse: queria dar um tempo. E ele ficou muito nervoso disse: ou acaba ou continua. E eu: então tá acabado. E assim terminou.

Celia Barreira Queiroz

celia barreira queiroz
Enviado por celia barreira queiroz em 05/12/2017
Código do texto: T6191239
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