Terrores
Na tumba dorme vampiro,
Bem longe da claridade.
Enquanto o dia em delírio,
Padece ao cair da tarde.
Lobo inicia seu choro,
Apenas só e com fome.
Longe por onde atoro,
Logo o chorado some.
Assim mesmo arrepia,
Verdade, e me curvo,
Por sua dor na agonia,
No seu cortante uivo...
Estampa-se no rosto medo,
Crava qual um dardo fixo.
Para quem conhece segredo,
Cola no peito um crucifixo.
Existe coração que palpita,
Frente ao mistério emanado.
Instante o medo conquista,
A cabeça do amedrontado.
Vê o terror, vê o demo,
Vê a mula sem cabeça...
Do medo faz seu remo,
E reza que não pereça...
Entre montes o castelo,
Silêncio comanda vida.
Se parece qual martelo.
O ecoar de uma batida.
Ventos batem nas janelas,
Expelem seus desalentos.
Apagam-se todas as velas,
A murmúrios de lamentos.
Nuvens se chocam, iradas,
Noite é a melhor condução.
Forças com todas, atadas,
Ateiam, com tatos, trovão.
Chuva, então, se derrama,
Alagando os lados falhos.
Enquanto terra vira lama,
Ao clareio os tensos raios.
Vampiro acorda à lua,
Põe a terror o viajante.
Gruda no chão, na rua,
A sua saga alucinante...
Balançam demais arvoredos,
Denuncia, o perigo, a coruja.
Rebatem asas, os morcegos,
Trepidantes espertam a fuga.
Grilos, testemunhas dos atos,
Insetos fazem coro ao caso.
Sentem encravar dos sapatos,
No charco de um lago raso.
A mulher é caso dengoso,
Parece todo a sua atenção.
Ao seu intento malicioso,
Pelo sangue, suma razão.
Castelo ou cemitério,
Há sempre morada,
Ao demente solitário,
Da vila apavorada!
Mas varia de pessoa,
A sua interpretação.
Faz-se histórias à toa,
Mera movimentação.
Movida pelo mistério,
Do conto e da opinião.
Sem consultar a sério,
Que sente no coração.
E o bom galo esclarece,
Intenção do despertar.
Se apruma e amanhece,
Batendo asas a cantar.
Aí descansa seu vampiro,
E anuncia-se boa claridade.
O dia esconde em delírio,
Longe: a noite que encarde.
Frankenstein e outros tantos,
Sacis, as mulas, seus horrores,
Se vão maldade, quebrantos,
Inovam-se entre luzes e cores...
E é tudo lindo e é tudo belo!
Mui querida: visita, dosagem...
Por quanto um sol amarelo,
Reluzindo, vistosa paisagem...
Mas ai, ai, a sorte,
Muda por vir a noite.
Canta livre a morte,
Ecoante qual açoite...
Repórter por sustento,
Ao menos conhecê-lo,
Publica sua manchete...
Mas real depoimento,
Só a mim que compete,
Ao mundo concedê-lo...
Você só poderá vê-lo,
À noite depois das sete...
Boa certeza sem corte,
À coragem e boa sorte...