MITO SERTANEJO

Na fazendo tudo estava encharcado o lodo verde e escorregadio exigia cautela ao caminharem pelos terreiros, vez e outra alguém mais desavisado escorregava levando a orelha no barro. No fogão, a lenha molhado aumentava a brancura da fumaça que subia em riste pela chaminé se misturando com os cristais da chuva.
Chuva que caia com intensidade, havia várias semanas. deixando de férias o astro rei. Na varanda do paiol, as galinhas empoleiradas no carro de boi, espichavam-se em riste, tentando enxugar as penas. A lama do curral escorria para os terreiros e para roça de milho que deixava os olhos vislumbrados com tamanha beleza. . No aguaceiro da várzea, as rãs, batucavam variadas partituras.
Ao sul, a neblina em formato plumas, subia sobre a restinga ciliar do rio na direção de sua nascente. Ao oposto no lado norte cúmulos e cirros alongando-se em extratos, corriam sobre as arvores, na verdejante franja do longínquo horizonte. De repente uma fenda se abre no nevoeiro, sorrindo o sol aparece. Um lindo e gigantesco arco Iris se forma.
Esbaforida grita a menina:
-- Manheeeêêêê! Venha ver o arco da velha bebendo água, bem ali na cacimba do bambuzal!
E em disparada ela tenta ultrapassá-lo. Enquanto a mãe no seu encalço a repreende veementemente, por estar se expondo ao temporal sujeita apanhar um resfriado.
Momento em que ela revela a mãe seu grande desejo em trocar de sexo tomando-se, homem.
Segundo a crença sertaneja aquele ou aquela que passa debaixo do arco Iris trocará de sexo na hora. Ao vê-lo tão perto ela tenta realizar seu sonho. Mas naquele momento o nevoeiro cobriu novamente o sol, e mais uma oportunidade se perde.
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 28/04/2018
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