Pavô de chuva (linguagem caricata caipira)

Vi que tudo tava mais escuro, as nuve avançava por cima dos teiado das casa. As nuve era ligera como o vento que forte soprava que até assubiava. As borboleta cansaro de avoa, sei lá. Os passarinho no silencio resorvero se recolhe, pronde não sei. Os animar de pelo, aqueles que no relinchá espreguiça os beiço, em quarque luga, também se encolhero. Os bicho limpo e os nojento se juntaro no paió pra corrê, sei lá doquê. Os bicho de pena, meio que nas asa e nas pontas dos pé correro se empulerá. Eu era menino, via todo este movimento e otros que não dá pra espricá, sem entende, sem perguntá o que aconteceu ou tava pra se revelá. Parecia mistério, mas as coisas parecia que ia sofre abalo de rachá.

Num grito distante, entendi as pertubação dos bicho e de todo aquele lugá. Minha mãe gritô pro meu pai vim acudi. Mas acudi o que? Pensava eu de um ponto que não dava pra vê. Falô minha mãe pro meu pai: Corre que vai chove, me ajuda a recolhe lenha pra não moiá.

Apesa da ventania, o céu a escurecê tudo pareceia tronquilo, mas não era assim não. Minha mãe quando chovia ficava num tremendo pavô saia correndo cata lenha e ropa recolhe do varar. Ela apavorava até os bicho que tinha medo e corria pra se agazaiá.

Eu nada entendia só ficava vendo aquele corre-corre e apavoramento a infestá. Que coisa medonha era o medo de chuva que tinha minha mãe. Rezava pra todos os santos que tinha na casa. Na casa tinha uma santaiada que dava até medo. Cada santo me oiava de um jeito que parecia um sujeito de verdade a me falá. Os zoio do santo olhava dentro de mim, me fazendo entende que sabia as coisa errada que eu fazia.

No quarto da minha mãe tinha uma santinha no criado mudo, era uma Santa Barba, a santa das tempestade. Pra esta ela acendia umas erva cherosa que o cheiro na cozinha chegava.

Pra Santa Terezinha, encima da penteadera, ela acendia umas velinha que frutuava num copo de óleo e água. Uma espécie de pavilzinho enroscado na cortiça a quimá e boiá. Mais num faiava um santo sem as prece de minha mãe tê que escuta.

Rezava de pé, sentada e de jueio. Rezava chorando feito criança querendo mamá. No quarto dela tinha um São Cristovo com um menino Jesus a carregá. O bebezinho fazia sinal com os dedinho mostrando o numero dois que dizia minha mãe que do ano dois mir o mundo não ia passá. Fazia minhas conta, o mundo quando acabá eu vo tá perto dos cinquenta. Pensava dentro do peito que ia muito demorá e foi mais rápido que pensei hoje já passo dos sessenta e o mundo ainda não garrô acabá. Acho que o santo erro nas conta. Mais o que é um ano, dez ou cem à mais pro nosso Senho. Agora, eu já fui de mim de dos pensamento ruim. Tomo banho na chuva debaxo dos raio e não tenho medo de nenhuma das tormenta da vida e dos santo que não me oião mais istranho.

Marcos Rossi
Enviado por Marcos Rossi em 07/06/2018
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