O Executivo e o Mendigo

Se é verdade, não sei, foi um amigo que me contou quando o acompanhei a Rodoviária. É o seguinte: A semelhança era inegável, mas ninguém nunca havia prestado atenção, um executivo, o outro, um mendigo, vivia de cidade em cidade, clamando por comida e local para pernoitar, raramente visto no mesmo lugar por mais de uma vez. Num determinado dia quando o porteiro de um requintado hotel, abre a porta de uma luxuosa limusine surge aquele elegante homem de negócios que ao descer do carro deixa transparecer um sinal avermelhado por traz do pescoço que chamou a atenção do porteiro, que não se atreveu a perguntar, supôs que seria de nascença. O porteiro tinha certeza que havia visto o mesmo sinal recentemente em outro pescoço, mas não conseguia se lembrar. Isso não saiu de seus pensamentos. O dia foi longo, muitas pessoas importantes chegaram e saíram, fazendo com que a atividade tenha sido intensa. Ao final do expediente cansado, resolveu passar no barzinho do senhor Taubaté, (era o nome do homem, não era referência a cidade), lugar agradável, pertinho de sua casa, bem cuidado, ótimos tira-gosto e os amigos se encontravam para aquela “geladinha “antes de chegar em casa. Foi aí que ele viu novamente a mesma marca no pescoço, desta vez no mendigo, que estava remexendo o lixo ali próximo. Se aproximou e teve coragem de perguntar sobre a marca. O mendigo disse que era de nascença. Então reparou na semelhança incrível com o executivo. Perguntou se ele tinha irmão, o mendigo disse que não sabia. Ao comentar, os amigos no barzinho do Senhor Taubaté, ficaram curiosos para ajudar a solucionar esse mistério, quem sabe o executivo e o mendigo fossem irmãos, sendo possível até ser gêmeos, devido a incrível semelhança. Alojaram-no em uma pensão, tomou banho, alimentou, roupas limpas, boa noite de sono. No outro dia o porteiro e um amigo com o mendigo curioso com a situação e a possibilidade de ter um irmão, ainda por cima milionário, o deixou eufórico. Caminhando pelos corredores, elevadores da empresa, todos se entreolhavam e cochichavam, provavelmente falando da semelhança, cor do cabelo, da pele, olhos incrivelmente parecidos, jeito de caminhar, falar, sorrir e até acenar, muito igual. Ao chegarem na sala do executivo, a secretária até se assustou e não teve como falar para aguardarem, foi logo comunicando com o chefe, que os recebeu ficando curioso. Demonstrou alegria na possibilidade. As providencias tomadas, contratado um laboratório japonês, do mais alto conceito tecnológico e os exames de DNA foram feitos, os resultados sairiam em uma semana. O mendigo ficou num hotel e todos aguardavam ansiosamente. No dia marcado, todos reunidos, esposa e filhos do executivo, o porteiro foi convidado, até o senhor Taubaté estava presente. Foram contratados dois auditores para acompanhar a lisura dos exames. Ao abrir o envelope, um grande susto, estava escrito em Japonês e ninguém ali sabia ler esse idioma. Nesse momento, o ônibus chegou, meu amigo embarcou e disse para ligar, que me contaria o final, porém perdi o telefone dele, e até hoje não tive como ligar.