Parcimônia

Ele entra na sala, rosto metálico, preciso. Ela está sentada no sofá desbotado onde fizeram amor no quarto encontro - olhos marejados e inchados - voz presa no meio da garganta.

O homem fala: - perdão por ter acabado com o que era eterno.

Ela olha intensamente as janelas de sua alma, as quais estão imersas na decisão.

- Amor que dei, entreguei tudo de mim. Ela disse. - Tinha que acabar assim?

- Tudo acaba um dia... a alegria de juntos estarmos não era mais uma surpresa. Virou dor e violência. Ele disse.

- Certo, sei que jamais serei a boneca perfeita que tanto desejas. Não olhe assim para mim, me deixa chorar aqui - copiosamente chorava enquanto falava. Voz presa no meio da garganta. Coração despedaçado. Não queria aceitar a ida, o terror do abandono.

- Não tenho outra, mas meu amor por você acabou. Perdão?! - É assim que tudo acaba. Disse ele.

- Pode ir, pode ir... o que eu poderia fazer para tê-lo? O coração dela não aceita mais uma rejeição.

- Nada... você não entende... é isso! Viva, não dependa de mim. Sou o que sou, não mudarei... Isso não é amor. Ele fala com sua impecável resolução.

- O que é o amor? - ela questiona com vivaz esperança, um quase clamor.

- "O que é o amor?" Boa pergunta.