Se quem nasce no Brasil é brasileiro, quem nasce no aterro é Terreiro. Assim dizia Seu Agenor, homem forte da lavoura que nascido do caso de sua mãe com o patrão nunca quis ser revelado.
Acontece que todo ano tinha uma festa das nações no reduto e vinha gente de tudo que é lado. O Terreiro queria mostrar serviço com sua viola. Programou de acabar com o serviço mais cedo e ir tocar no bar badalo. Então despertou as 4 da manhã e não parou até o almoço. Sustentou na coluna o peso de um dia todo de trabalho pesado só para receber aplausos. 
Quando já estava terminando veio um gringo procurando o local da festa, bom de papo como é, ofertou-lhe uma cachaça “Liberdade” como anfitrião e o deu uma parte da leitoa assada que seria servida na ceia compartilhada. Já estavam até se abraçando quando Terreiro acabou com a festa dizendo que tinha um compromisso inadiável. 
O moço saiu meio que trocando as pernas e acenando como forma de agradecimento. Entrou no carro onde dirigia sua namorada, sendo seguido por outros dois carros da família.
Quando enfim entraram na avenida onde as tendas foram montadas, com diversas denominações das nações em suas abas, desce o moço do carro. A mãe vindo de trás percebeu que o filho estava estranho e perguntou se estava sentindo algo. O rapaz disse que não e continuou equilibrando na namorada que também nada entendia. Foi quando de repente caiu no chão como uma bomba, sendo amortecido o lombo pela poeira do meio rural. A mãe caiu de joelhos no chão e com um terço na mão começou a rezar cem cessar, enquanto o socorro não vinha. De repente o rapaz abriu os olhos e meio que com a língua enrolada tentava falar, mas não conseguia. Foi quando sua mãe, no desespero o sacudiu e perguntou: filho o que aconteceu? O rapaz meio lá, meio cá respondeu:
- Mãe, foi a liberdade que comprei no terreiro.
Depois da oferenda da porca. A mãe gritou empurrando as pessoas que estavam ao redor:
- Chamem o padre pelo amor de Deus, por favor chamem, ele fez macumba, está possuído.
E todos foram se afastando rapidamente até que chegou a ambulância e o levou para o pronto socorro onde tomou glicose e adormeceu. No dia seguinte não lembrava de nada.
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 05/04/2019
Reeditado em 05/04/2019
Código do texto: T6616485
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