Batendo Palmas

Era o tempo do Estado Novo, ano de 1940, numa cidade do sertãoe boa parte da Região

Era no tempo do Estado Novo,ano de 1940, mandava numa cidade do sertão pernambucano um coronel da guarda nacional e fazendeiro quera una e carne com o interventor Agamenon Magalhães. O coronel, apesar do seu poder absoluto e incontestável (manda quem pode e obedece quem tem juízo) era um sujeito bonachão e não era perseguidor. Resumindo: detinha o poder mas não era atrabiliário. Mas tinha um fraco: era muito mulherengo. Sempre estava de olho numa mulher (sem ser a dele), mas era cuidadoso, fazia as coisas planejadas e sem usar da "patente". Não usava o poder para conquistar as mulheres.

Durante certo tempo privou dos favores de alcova da mulher de um mascate. O cara viajava muito e a mulher que não tinha filhos começou a dar bola para o coronel. Ela era muito bonita e fogosa. Resultado: se acertaram por intermédio de uma alcoviteira que era a intermediária para csos amorosos do coronel. Assim, era o mascate se ausentar, e à noitinha o coronel com muito cuidado e quase disfarçado entrava na casa dele pelo portão. Mas aconteceu do mascate que viajara num caminhão de passageiro com suas malas contendo os produtos ter tido que voltar já de noite por causa das estradas estarem intransitáveis devido {às chuvas. Voltou e entrou em casa, nem bateu, a porta da frente estava aberta, era comum a mulher esquecer de fechar a porta. A casa estava silenciosa, ele pensou que sem dúvida ela fora para a Igreja. Colocou as malas num canto da sala, tomou um copo d'água e fi para o quarto, a orta estava entreaberta e então ele viu sem fazer alarde uma cena incrível: o coronel e sua mulher nus em pélo dormindo. Ficou preocupado e para acordá-los, pasmem, bateu palmas. Os dois acordaram e o coronel assustou-se e fez menção de pegar a arma que estava junto com as roupas numa cadeira, mas nem preciso porque o mascate que era meio gago exclamou aflito: - Vo vo vo vocês são doidos, a a a a por porta da frete tá aberta, já ensa pensa pensaram se um estra estranho entrasse? O coronel ficou envergonhado pelo mascate, não era possível ser tão corno manso. Vistiu a roupa, não deu uma palavra e saiu pelo portão, enquanto a mulher ria demais. Não voltou mais à casa do mascate. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/07/2019
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