O Ajeitamento

Ontem ouvi uma história que um amigo me contou, acontecido com seu pai lá pelos anos cinquenta. Seu Ramiro, o pai do meu amigo, tinha em sua fazenda uma família muito trabalhadora, que na época tocava a fazenda. Era o pai, seu José Maldonado, a mãe, quatro filhos homens e três mulheres, que davam conta de todos os serviços da fazenda a muitos anos. Tudo ia muito a contento, muito café, bastante leite, lavouras de milho, feijão, arroz; quase tudo pela mão de obra daquela família descendentes de espanhóis.

Mas depois de vários anos, infelizmente a esposa do seu Zé, veio a falecer. Com a falta da matriarca, deu-se uma certa instabilidade na família; seu Zé muito aborrecido, já não tinha muita autoridade sobre os filhos, vivia se queixando pela ausência de uma companheira.

Seu Ramiro, muito atento aos acontecimentos na fazenda, percebeu logo que teria que dar um jeito de arrumar uma nova esposa para o seu Zé, senão poderia acabar perdendo toda a mão de obra de sua propriedade.

Em uma viagem até uma fazenda em Itirapina, onde foi comprar um gado, seu Ramiro conheceu uma senhora que também tinha se tornado viúva. Conversando com o proprietário, ficou sabendo que dna Antonia, era uma excelente pessoa, que infelizmente não teve filhos e agora com a morte do marido, estava bem difícil de organizar sua vida.

Passado uns dias da compra e da chegada do gado, seu Ramiro conversou com o sr Zé Maldonado, que continuava com uma tristeza danada. Falou que tinha conhecido uma senhora que poderia dar certo para ele, e se ele quisesse, o levaria em seu Jeep até na fazenda que ela morava. Seu Zé ficou meio animado, mas disse que ia conversar com os filhos, depois dava a resposta.

Depois de uns dias, pediu se podiam ir até a dita fazenda. Seu Ramiro topou na hora. Lá deixou que conversassem, o que durou cerca de uma hora. Chegando de volta, seu Zé fez questão de pagar a viagem, o que seu Ramiro não quis receber, mas pela insistência, acabou pegando só o valor da gasolina. Quinze dias depois foram novamente, pois seu Zé falou que estava faltando uns acertos com dna Antonia, e assim fizeram mais umas duas vezes. Em todas as viagens ele fazia questão de pagar a gasolina.

Na outra semana seu Zé falou para o patrão, hoje nós vamos lá de novo, ou acerta ou eu largo mão, senão quanto que vai me custar esse negócio?

Se acertaram, arrumaram um caminhãozinho para a mudança e pronto. Chegando de volta, seu Ramiro ajeitou uma casa para os dois, falou para se ajoelharem, fez o casamento e viveram felizes por muitos anos, e tudo voltou ao normal na fazenda.

Luiz Antonio Piccoli
Enviado por Luiz Antonio Piccoli em 01/08/2019
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