Ração para cachorros

Na pequena rua sem asfalto perambulavam os cachorros sem donos. Era tanta sujeira e latidos desmedidos que as pessoas reclamavam a todo o instante.

_ Bom era o tempo da carrocinha - Dizia alguém.

A verdade é que a população de cachorros estava crescendo de forma acelerada e ninguém aparecia para sanar a situação.

Foi quando uma idéia mirabolante e perversa passou pela cabeça de Efrinegildo, um senhor, morador da rua vira- lata (esse nome foi dado à rua por causa da fama de ter muitos cachorros vira-latas); pensou em um negócio fenomenal. Como estava desempregado e passando muita necessidade, Efrinegildo quis montar um negócio de venda de comida de cachorro. Estava decidido. Ia começar a vender ração para cães. Até aí tudo bem, o problema era como ele iria investir em algo sem dinheiro. Fez um empréstimo com seu amigo de codinome Pé Torto, e então começou a comprar umas máquinas estranhas de processamento de carne, grãos, para fazer as rações. Ele estava pensando não somente em vender mas também em fabricar.

Com todo o maquinário pronto, Efrinegildo pensou: agora vou começar a coleta dos insumos para as rações.

Em uma semana Efrinegildo já tinha 10 sacos de rações caninas cheios. Começou a vender e a formar uma ótima clientela, que crescia cada vez mais.

Passando-se duas semanas, observou-se que a rua vira-lata não era mais tão vira-lata assim, o número de cachorros estava diminuindo, e por conta disso a rua estava mais limpa. A população não reclamou.

Apenas perguntava-se como os cães estavam sumindo daquele jeito.

Efrinegildo enriqueceu (como não enriqueceria?) com o seu negócio. Deixou de passar necessidade.

Suane Cruz
Enviado por Suane Cruz em 05/08/2019
Reeditado em 12/11/2019
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